A Microsoft foi acusada nesta sexta-feira (08) de protocolos que prejudicam as margens de lucro de plataformas de nuvem rivais em detrimento de seu próprio desempenho. Quem fez a reclamação foi a CISPE, órgão comercial que protege as empresas de nuvem na Europa e é fortemente financiado pela Amazon, uma das rivais da big tech. A Comissão Europeia deve investigar o caso.
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Microsoft acusada de prejudicar rivais
As alegações de práticas anticompetitivas vem diante de ajustes feitos pela Microsoft em seus termos de licenciamento em 2019.
Eles estabelecem que qualquer companhia que queira implantar serviços de software da Microsoft (como o Microsoft 365 e o pacote Office) em um provedor de nuvem rival deveria adquirir uma licença de Software Assurance (programa de manutenção da Microsoft para usuários corporativos que usam os serviços) e “direitos de mobilidade”. Além disso, os clientes não teriam as licenças perpétuas que já haviam sido adquiridas caso operem na concorrência.
Os provedores listados sob essas condições são o Alibaba, Amazon, Google e a própria Microsoft. Ou seja, qualquer cliente de um serviço dessa lista, incluindo os da própria big tech, tiveram que adquirir licenças separadamente.
Enquanto isso, alguns softwares, como o Office 365 para Windows, foram proibidos de ser executados em serviços de nuvem rivais.
Indignação da concorrência – incluindo Amazon
Em um post de blog em 2022, o presidente da Microsoft, Brad Smith, havia escrito que os termos de licenciamento facilitaram a concorrência entre provedores de nuvem.
As empresas rivais não pareceram concordar. O CISPE submeteu a reclamação na sexta-feira e mostrou um exemplo: uma companhia de nuvem membro do órgão, que não teve o nome divulgado, viu que as receitas de venda de produtos Microsoft subiram 300% desde 2018, beneficiando a big tech.
No entanto, apesar do aumento das vendas, as empresas de nuvem não tiveram o mesmo lucro que a Microsoft. Pelo contrário, a mesma companhia que deu o exemplo viu seus números caírem. Coincidentemente ou não, o maior declínio foi em 2019, mesmo ano da atualização dos termos de licenciamento.
A CISPE ainda diz que outros membros do órgão compartilharam evidências de que o preço cobrado pela Microsoft pelas licenças é muito maior do que o mesmo serviço cotado para o Azure, o serviço em nuvem da big tech.
Como fica para a Microsoft
- A reclamação desta semana vem em meio a outros conflitos da big tech sobre suas políticas de computação em nuvem e licenciamento na União Europeia, Reino Unido e Estados Unidos;
- Para piorar a situação, uma pesquisa de Frederic Jenny, professor de economia da ESSEC Business School em Paris, ao CISPE, revelou que a Microsoft cobra das empresas um “imposto” de 28% pela execução de seus produtos em serviços de nuvem rivais;
- À CNBC, a Comissão Europeia disse que recebeu diversas reclamações sobre a Microsoft, incluindo em relação ao Azure, e vai avaliá-las. A Microsoft não quis responder.