Marte muda drasticamente os oceanos da Terra a cada 2,4 milhões de anos

Cientistas descobriram movimentações cíclicas nas profundezas do oceano causadas pelo alinhamento entre as órbitas dos dois planetas
Por Ana Julia Pilato, editado por Lucas Soares 12/03/2024 12h54, atualizada em 14/03/2024 21h30
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Uma nova análise do registro geológico do fundo dos oceanos descobriu que a interação gravitacional entre a Terra e Marte provoca alterações nas correntes oceânicas que acontecem a cada 2,4 milhões de anos. Conduzida por cientistas da Universidade de Sydney, na Austrália, a descoberta foi publicada na revista Nature Communications.

Entenda:

  • Cientistas da Universidade de Sydney, na Austrália, descobriram um fenômeno cíclico relacionado à interação gravitacional entre a Terra e Marte que acontece a cada 2,4 milhões de anos e provoca mudanças nas correntes oceânicas;
  • A equipe analisou águas profundas ao redor do mundo e encontrou evidências de rupturas em sedimentos marítimos ao longo dos últimos 70 milhões de anos – com um padrão que correspondia aos ciclos astronômicos dos dois planetas;
  • A descoberta pode indicar que o auge do ciclo aumenta a radiação solar no planeta, além de sugerir que o sistema responsável pela Corrente do Golfo pode acabar conforme o derretimento de gelo marinho pelo aquecimento global;
  • Isso não indica, porém, que o oceano ficará estagnado – como explicam os cientistas, oceanos mais quentes possuem movimentações profundas mais vigorosas;
  • O estudo foi publicado na revista Nature Communications.
massa de água oceano atlântico
(Imagem: Susann Guenther / Shutterstock)

Há alguns anos, a equipe começou a identificar um “grande ciclo” astronômico relacionado a um alinhamento entre as órbitas dos dois planetas. Apesar da escassez de evidências diretas da interação no registo geológico da Terra, a descoberta sugere que o auge do ciclo aumenta a radiação solar no planeta e, consequentemente, contribui para climas mais quentes.

Leia mais:

O que o fenômeno de Marte significa para os oceanos terrestres

(Imagem: Alones / Shutterstock)

Inicialmente, os cientistas investigavam a hipótese de que as correntes no fundo dos oceanos variassem em climas mais quentes. Analisando águas profundas de todo o mundo, a equipe encontrou evidências de centenas de rupturas nos sedimentos marinhos ao longo dos últimos 70 milhões de anos – apresentando um padrão curioso que correspondia aos ciclos astronômicos da Terra e de Marte.

Apesar da descoberta sugerir que o sistema responsável pela Corrente do Golfo pode acabar conforme o derretimento de gelo marinho pelo aquecimento global, os cientistas explicam que oceanos mais quentes têm uma circulação profunda mais vigorosa: “Isso potencialmente evitará que o oceano fique estagnado, mesmo que a Circulação Meridional do Atlântico diminua ou pare completamente.” diz a geóloga Adriana Dutkiewicz.

Ana Julia Pilato
Colaboração para o Olhar Digital

Ana Julia Pilato é formada em Jornalismo pela Universidade São Judas (USJT). Já trabalhou como copywriter e social media. Tem dois gatos e adora filmes, séries, ciência e crochê.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.