O uso de gasolina ou diesel contendo uma proporção elevada de álcool, como o etanol, pode acarretar consequências nos carros, sobretudo se o motor não estiver projetado para lidar com essa combinação.

A sugestão de incrementar o percentual de etanol na gasolina é uma iniciativa advinda do governo Lula, que teve início em maio de 2023. Esta proposta está inserida em seis projetos de lei (PL 528/20 e anexos), os quais abordam os “combustíveis do futuro”.

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No momento, o teor está em 27,5%, o que significa que, em um litro de gasolina vendida no posto, 275 ml são, na verdade, álcool. A proposta é elevar esse teor para 30%, visando alcançar o título de gasolina mais limpa do mundo.

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No que diz respeito à questão ambiental, não há dúvidas sobre os benefícios que o aumento do uso do etanol trará. Espera-se um impacto altamente positivo na redução das emissões de CO², contribuindo para mitigar o aquecimento global.

Pesquisas sugerem que a adição de três pontos percentuais de etanol à gasolina, elevando de 27% para 30%, impulsionaria o consumo de biocombustível em cerca de 1,3 bilhão de litros anualmente. Essa medida teria o potencial de evitar a emissão de mais de 2,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera ao longo de um período de 12 meses.

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Contudo, surgem questionamentos na mente do consumidor sempre que se discute a mudança no teor de álcool na gasolina: nossos veículos estão aptos para essa nova composição? O combustível ficará mais barato? A gasolina passará a render menos no tanque? E os carros que não são Flex e são só a gasolina?

Antes de apontar alguns aspectos, é importante ressaltar que os veículos Flex (que representaram 88% dos novos veículos licenciados em 2023) não serão prejudicados. Afinal, foram projetados para utilizar tanto gasolina quanto etanol, bem como qualquer combinação dos dois combustíveis em qualquer proporção.

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No entanto, existem outras duas categorias que podem ser diretamente afetadas. Primeiramente, os carros mais antigos, que já não são exemplares em termos de eficiência energética, e também os veículos importados com motores a gasolina.

Até agora, constatou-se que a nova mistura não causa danos aos motores que utilizam exclusivamente gasolina. A Anfavea, Associação que reúne as Montadoras de automóveis, já aprovou a mistura máxima de até 30% de etanol em gasolina para os atuais motores produzidos pelo mercado, mas a indústria trabalha para elevar ainda mais essa capacidade. No entanto, são necessários mais testes para uma avaliação completa.

Gasolina com maior concentração de álcool

A capacidade de um carro em suportar gasolina com maior teor de etanol depende de diversos elementos, como o design do motor, o sistema de injeção de combustível e as recomendações do fabricante do veículo. Veja alguns pontos para serem considerados:

gasolina posto

1- Adequação do Veículo ao Combustível: Existem veículos projetados para funcionar com combustíveis contendo até um determinado teor de álcool, enquanto outros podem ser mais suscetíveis a essas combinações. É sempre importante consultar o manual do proprietário ou contatar o fabricante do veículo para obter diretrizes específicas sobre a utilização de combustíveis com maior concentração de álcool.

2 – Recomendações de Combustível para o Veículo: Os combustíveis com teor elevado de álcool costumam ser identificados conforme sua concentração, como E10 (10% de etanol), E15 (15% de etanol) ou E85 (até 85% de etanol). Assegure-se de abastecer o veículo com o combustível indicado pelo fabricante e evite ultrapassar a concentração máxima recomendada.

3 – Avaliação do Desempenho e Consumo de Combustíveis: Misturas com concentrações mais elevadas de álcool podem influenciar o desempenho e o consumo de combustível do veículo. Enquanto alguns veículos podem funcionar sem problemas com misturas como E10, combinações mais ricas em álcool, como E15 ou E85, podem demandar ajustes no sistema de combustível e podem ocasionar uma diminuição no desempenho e na eficiência do combustível.

4 – Manutenção Preventiva Adequada: Se você pretende utilizar regularmente combustíveis com teor de álcool mais elevado, é fundamental realizar a manutenção preventiva adequada do veículo. Isso inclui a substituição regular dos filtros de combustível e a inspeção minuciosa em busca de possíveis corrosões nos componentes do sistema de combustível.

Ibragimova/Unsplash.com
Manutenção preventiva Kate Ibragimova/Unsplash.com

Em resumo, o fato é, a tecnologia existe. É uma questão de ir adaptando os veículos. Afinal, o aumento do teor do etanol na gasolina é uma tendência, um caminho sem volta para trazer a descarbonização rápida para a matriz energética. É uma decisão acertada e é preciso, sim, migrar para a utilização cada vez maior de um combustível renovável.

Existe alguma outra alternativa de combustível?

Para quem prefere evitar o uso de combustíveis com maior teor de álcool, como o etanol misturado à gasolina, uma alternativa viável é buscar postos que disponibilizem opções de gasolina sem etanol. Em alguns países, esses combustíveis são identificados como “gasolina premium” ou “gasolina pura”. Embora a gasolina sem etanol tenda a ser mais cara do que a gasolina convencional, pode ser uma escolha para aqueles que optam por evitar o etanol devido a preocupações relacionadas ao desempenho, eficiência ou durabilidade do motor.