O que está por trás das mortes por chikungunya? Estudo explica

Pesquisa investigou quais são os mecanismos do vírus da chikungunya que podem levar ao óbito. Entenda!
Por Nayra Teles, editado por Lucas Soares 14/03/2024 05h00
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Imagem: Vinicius R. Souza/Shutterstock
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O vírus da chikungunya circula pelo Brasil há pelo menos dez anos e, durante esse tempo, fez centenas de vítimas. Um novo estudo investigou como a doença se desenvolve para casos mais graves e por meio de quais mecanismos o vírus consegue levar à morte dos infectados.

A análise foi feita em conjunto por pesquisadores da Unicamp, Universidade de Kentucky, USP, Texas Medical Branch e Imperial College London, além do Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará.

Como o vírus da chikungunya pode levar à morte?

  • O estudo descobriu que uma das estratégias do vírus é a invasão ao sistema nervoso.
  • Ele possui a capacidade de atravessar a barreira que protege o sistema nervoso central, pegando carona com células de defesa.
  • Ao infectar essas células (CD14+CD16+) e na presença do CCL-2 (proteína reguladora de inflamação), atravessa a proteção do cérebro.
  • Lá, o vírus interfere nas proteínas de junção que garantem a integridade dessa barreira e impedem a entrada de patogênicos e toxinas.
  • A consequência é a artralgia [dor nas articulações], que causa febre, dor muscular e inchaço articular e até danos neurológicos.
  • Nos casos mais graves, a infecção pode atingir e gerar falhas em múltiplos órgãos, além de desregular o sistema imune.
Resumo gráfico dos principais achados do artigo -Imagem: cedida pelos pesquisadores à Agência FAPESP

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As amostras analisadas no estudo são relativas a 32 pacientes mortos e consideram a presença de CHIKV no organismo, informações laboratoriais e de autópsia. Exames de sangue de 39 sobreviventes da chikungunya e 15 pessoas saudáveis foram estudados para efeitos de comparação.

Caminho para tratamentos mais eficazes

Segundo os pesquisadores, o estudo é fundamental para melhorar o tratamento do Chikungunya, fornecendo informações sobre seus mecanismos biológicos do vírus que possibilitam o desenvolvimento de terapias mais eficazes. Além disso, ajuda na identificação de biomarcadores prognósticos para prever a gravidade da doença e na adaptação de tratamento de forma mais precisa.

As descobertas podem servir de base para preparar as equipes de saúde pública para surtos da doença e para prevenir complicações graves, como insuficiência cardíaca e neurológica, que podem resultar em sequelas ou até mesmo em óbito.

O estudo foi publicado na revista Cell Host Microbe.

Nayra Teles
Redator(a)

Nayra Teles é estudante de jornalismo na Universidade Anhembi Morumbi (UAM) e redatora no Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.