O vírus da chikungunya circula pelo Brasil há pelo menos dez anos e, durante esse tempo, fez centenas de vítimas. Um novo estudo investigou como a doença se desenvolve para casos mais graves e por meio de quais mecanismos o vírus consegue levar à morte dos infectados.

A análise foi feita em conjunto por pesquisadores da Unicamp, Universidade de Kentucky, USP, Texas Medical Branch e Imperial College London, além do Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará.

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Como o vírus da chikungunya pode levar à morte?

  • O estudo descobriu que uma das estratégias do vírus é a invasão ao sistema nervoso.
  • Ele possui a capacidade de atravessar a barreira que protege o sistema nervoso central, pegando carona com células de defesa.
  • Ao infectar essas células (CD14+CD16+) e na presença do CCL-2 (proteína reguladora de inflamação), atravessa a proteção do cérebro.
  • Lá, o vírus interfere nas proteínas de junção que garantem a integridade dessa barreira e impedem a entrada de patogênicos e toxinas.
  • A consequência é a artralgia [dor nas articulações], que causa febre, dor muscular e inchaço articular e até danos neurológicos.
  • Nos casos mais graves, a infecção pode atingir e gerar falhas em múltiplos órgãos, além de desregular o sistema imune.
Resumo gráfico dos principais achados do artigo -Imagem: cedida pelos pesquisadores à Agência FAPESP

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As amostras analisadas no estudo são relativas a 32 pacientes mortos e consideram a presença de CHIKV no organismo, informações laboratoriais e de autópsia. Exames de sangue de 39 sobreviventes da chikungunya e 15 pessoas saudáveis foram estudados para efeitos de comparação.

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Caminho para tratamentos mais eficazes

Segundo os pesquisadores, o estudo é fundamental para melhorar o tratamento do Chikungunya, fornecendo informações sobre seus mecanismos biológicos do vírus que possibilitam o desenvolvimento de terapias mais eficazes. Além disso, ajuda na identificação de biomarcadores prognósticos para prever a gravidade da doença e na adaptação de tratamento de forma mais precisa.

As descobertas podem servir de base para preparar as equipes de saúde pública para surtos da doença e para prevenir complicações graves, como insuficiência cardíaca e neurológica, que podem resultar em sequelas ou até mesmo em óbito.

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O estudo foi publicado na revista Cell Host Microbe.