Praticamente todo brasileiro com acesso à internet deve conhecer as empresas chinesas Shopee e Shein. As gigantes do comércio eletrônico fizeram bastante barulho em todo lugar que desembarcaram. Não é para menos: elas oferecem uma infinidade de produtos a preços baixíssimos.

O consumidor médio adora, mas o empresário nacional sofre. Aqui no Brasil, algumas varejistas estão fazendo uma campanha pela isonomia tributária com as plataformas asiáticas. O lobby contra elas começou no governo Bolsonaro e continua no governo Lula.

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Mas esse texto aqui não vai tratar especificamente da questão de impostos. O nosso foco será outro. E se eu te disser que, mesmo entre as chinesas, existe uma empresa que vem se destacando e virou uma verdadeira ameaça ao domínio da Shopee, da Shein e até da poderosa Amazon nos Estados Unidos?

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Guarde este nome: estamos falando da Temu. Considerada uma “mistura de Shopee e Shein”, a companhia estaria se preparando para desembarcar no Brasil ainda neste semestre, segundo informam o site Exame Insight, ligado à revista Exame, e o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.

A Temu foi lançada nos EUA em 2022 e mais tarde no Reino Unido e no resto do mundo. Hoje, dois anos depois, ela lidera as paradas globais de downloads de aplicativos, com quase 152 milhões de americanos usando a plataforma todos os meses, de acordo com dados coletados pela ferramenta de análise SimilarWeb.

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Números do e-commerce crescem a cada ano – Imagem: 13_Phunkod/Shutterstock

O diferencial da Temu

  • A Temu vende de tudo – mesmo.
  • De roupas a eletrônicos, passando por móveis para casa e qualquer novidade que você tenha visto na internet.
  • A Temu é conhecida também por ser ainda mais agressiva nos quesitos preço baixo e competitividade – conseguindo ser ainda mais barata que a Shein e a Shopee.
  • Para você ter uma ideia, o faturamento da Temu chega a ser o dobro das suas concorrentes em países como os EUA.
  • Para atingir valores tão pequenos, a chinesa corta etapas: ela conecta as empresas de atacado diretamente com os consumidores finais, eliminando os intermediários.
  • A Temu usa ainda um sistema baseado na coleta de dados em grande escala.
  • Eles recolhem dados sobre tendências de consumo, os produtos mais pesquisados e clicados, e fornecem essas informações aos fabricantes individuais.
  • Ah, meu Deus! Eles estão vigiando a gente.
  • Bem, a Amazon também faz isso, mas eles vendem os dados aos fabricantes a um preço elevado, enquanto a Temu entrega tudo de forma gratuita.
  • Um dos motores da chinesa é uma Inteligência Artificial poderosa, que auxilia nesses fluxos.

Eles sabem fazer propaganda

Outro diferencial da Temu é o marketing. Com o slogan “compre como um bilionário”, a plataforma mexe com o imaginário das pessoas. Tanto que, em pouco tempo, explodiu onde chegou, realizando entregas em cerca de 50 países do mundo todo.

Imagem: Divulgação/Temu

E a ideia é ampliar ainda mais esse alcance, chegando a mais lugares, como o Brasil, e também sendo vista por mais pessoas.

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O maior exemplo ocorreu no dia 11 de fevereiro deste ano. A Temu foi uma das empresas que mais apareceram nos comerciais do Super Bowl LVIII, um dos maiores eventos esportivos do planeta.

Foram 6 inserções de 30 segundos ao todo. Cada uma custou impressionantes US$ 7 milhões (R$ 35 milhões). Ou seja, dá um total de US$ 42 milhões. Você pode pensar que é muito dinheiro gasto. Eu digo que foi um belo investimento.

Somente nos Estados Unidos, 123 milhões de pessoas assistiram à final da liga de futebol americano. Os dados da SimilarWeb sugerem que o número de visitantes individuais da plataforma em todo o mundo aumentou em quase 25% no dia do Super Bowl em comparação com o domingo anterior, com 8,2 milhões de pessoas navegando no site e no aplicativo.

No mesmo período, os visitantes da Amazon e do Ebay caíram 5% e 2%, respectivamente.

Polêmicas em torno da marca

Para não ficar apenas nos pontos positivos, o nome da Temu também está relacionado a uma série de denúncias graves, principalmente as relacionadas às suas cadeias de fornecedores.

Políticos do Reino Unido e EUA estão acusando a gigante do comércio eletrônico de permitir a venda no seu site de bens produzidos com trabalho análogo à escravidão.

No ano passado, por exemplo, a deputada britânica Alicia Kearns defendeu uma investigação para garantir que “os consumidores não contribuam inadvertidamente para o genocídio uigur”.

Kearns, que é membro do Partido Conservador britânico, se referia aos alegados abusos aos direitos humanos perpetrados pelo governo da China contra o povo uigur e outras minorias étnicas e religiosas.

Representação da guerra comercial EUA x China envolvendo Huawei e ZTE
Imagem: Ink Drop/Shutterstock

A Temu, por sua vez, afirma que “proíbe estritamente” o uso de trabalho forçado, penal ou infantil por todos os seus vendedores.

A empresa disse ainda que qualquer um que faça negócios com ela deve “cumprir todos os padrões regulatórios e requisitos de conformidade”.

Que se investigue.

As informações são da BBC.