Uma erupção ocorrida no vulcão de Santorini há 1,3 mil anos foi muito mais violenta do que se pensava, revelou uma pesquisa recente. O estudo destaca o potencial do vulcão subaquático, localizado no Arco das Ilhas Helênicas, para erupções capazes de afetar a região do Mediterrâneo Oriental nos dias de hoje.

Para quem tem pressa:

  • Uma pesquisa recente sobre o vulcão de Santorini, publicada na Nature Geoscience, sugere que sua erupção em 726 d.C. foi muito mais violenta do que se acreditava, o que desafia noções de atividade vulcânica em períodos de calma;
  • A erupção de 726 d.C. dispersou material vulcânico por vastas áreas, o que afetou regiões distantes como a Macedônia e a Ásia Menor. Isso indica que Santorini pode produzir erupções significativas mesmo em fases de “recarga”;
  • Análises de sedimentos mostraram camadas espessas de púmice e cinzas, levando a uma revisão da magnitude dessa erupção para um nível 5 no Índice de Explosividade Vulcânica, muito mais intenso do que previamente estimado;
  • O estudo realça o potencial perigoso do vulcão de Santorini para o Mediterrâneo Oriental, exigindo uma reavaliação das ameaças vulcânicas e a continuidade do monitoramento da atividade vulcânica na região.

A pesquisa, publicada na revista Nature Geoscience na segunda-feira (25), desafia as expectativas de atividade vulcânica durante os períodos de calma. “Relatos históricos mencionam que, durante o verão de 726 d.C. [período de calma], o mar dentro da caldeira de Santorini começou a ferver até que uma fumaça densa se elevou e foi acompanhada por erupções piroclásticas”, escreveram os pesquisadores.

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Erupções do vulcão de Santorini

Vulcão em Santorini visto de longe
(Imagem: Olga_Gavrilova/iStock)

A última grande erupção em Santorini, conhecida como a erupção Minoica, aconteceu em 1600 a.C. e foi tão poderosa que alterou a geografia da ilha. Tradicionalmente, se considera que após tais eventos, o vulcão entra num período de recuperação, com atividades discretas.

Entretanto, o estudo indica que a erupção ocorrida em 726 d.C. lançou material vulcânico a grandes distâncias, afetando áreas como a Macedônia e a Ásia Menor. Isso sugere que mesmo em fases teóricas de recarga, o vulcão pode produzir erupções substanciais.

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Antes dessa pesquisa, a única evidência dessa erupção era uma fina camada de púmice em Palea Kameni, uma das ilhas formadas no centro da caldeira de Santorini. Contudo, análises recentes de sedimentos revelaram uma quantidade de material ejetado muito maior do que se acreditava anteriormente.

Mais perigoso do que se pensava

Praia perto de vulcão em Santorini
(Imagem: redonion1515/iStock)

Os cientistas perfuraram ao redor do vulcão Kameni e descobriram camadas espessas de púmice e cinzas. Esses dados sugerem que a erupção de 726 d.C deslocou uma quantidade de material comparável a grandes erupções históricas, como a do vulcão Tonga, em 2022.

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O estudo revisou a magnitude da erupção de 726 para um nível 5 no Índice de Explosividade Vulcânica, indicando um evento 10 a 100 vezes mais intenso do que se supunha. Isso mostra que a caldeira de Santorini pode ser mais ativa e perigosa do que se considerava, mesmo em fases de aparente inatividade.

Os resultados deste estudo enfatizam o possível risco que o vulcão de Santorini representa para o Mediterrâneo Oriental. E exigem reavaliação das ameaças vulcânicas na região e da necessidade de monitoramento contínuo do vulcão, que mostrou sinais de atividade tão recentemente quanto entre 2011 e 2012.