Uma guerra deixa cicatrizes – físicas e psicológicas. Econômicas e sociais. Em pessoas, famílias e, às vezes, em um país inteiro. Poderia falar aqui em como a derrota na Primeira Guerra Mundial levou ao nascimento do nazismo na Alemanha (e na consequente Segunda Grande Guerra).

Mas esse texto vai se dedicar ao Japão. Apesar de descendente, nunca mantive grandes ligações com o país do sol nascente. Mas gosto de ler e gosto de história. Não estou aqui dizendo que só existem heróis por lá. Há vilões – e muitos – como em qualquer outra cultura. Mas um fato é inegável: não há país no mundo que tenha sido alvo de uma bomba atômica. E foram duas, no caso.

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No dia 6 de agosto de 1945, a bomba atômica “Little Boy” foi lançada pelos Estados Unidos sobre Hiroshima, matando cerca de 80 mil pessoas instantaneamente. Três dias depois, em 9 de agosto, outra bomba atômica, a “Fat Man”, foi lançada sobre Nagasaki, matando, na hora, cerca de 40 mil pessoas. Aproximadamente 100 mil pessoas morreram depois, em decorrência da radiação.

A guerra acabou logo depois. O trauma fica para sempre.

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O vencedor do Oscar de Melhor Filme deste ano, Oppenheimer, trata justamente desse tema. O longa não mostra nenhuma cena do massacre, mas o episódio ainda assombra muitos japoneses, sobretudo os poucos sobreviventes que ainda estão vivos.

Você pode discordar da decisão da Universal de lançar o filme em terras nipônicas. O estúdio, porém, teve a sensibilidade de fazer uma campanha de marketing específica, numa janela de lançamento diferente.

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Como já informamos aqui no Olhar Digital, Oppenheimer estreou no Japão na última sexta-feira (29), oito meses depois do lançamento no resto do mundo. Mostramos aqui as impressões de algumas pessoas que foram ao cinema. E, agora, surgiram novos dados sobre a bilheteria.

O terceiro mais visto

Pôster do filme Oppenheimer
(Imagem: Divulgação/Universal Pictures)
  • Não dá para dizer que foi um fenômeno nunca visto, nem um fracasso retumbante.
  • Oppenheimer arrecadou US$ 2,5 milhões no primeiro fim de semana no Japão.
  • O longa de Christopher Nolan ficou em terceiro lugar, atrás dos nacionais Strange House e Haikyu!!.
  • Os US$ 2,5 milhões japoneses elevaram a bilheteria global do longa para mais de US$ 967 milhões.
  • Desse total, US$ 329 milhões vieram de cinemas americanos e US$ 637 milhões vieram de mercados do resto do mundo.
  • Apesar dos esforços da Universal (que fez até o lançamento da versão Imax), Oppenheimer não conseguiu quebrar a cobiçada marca de US$ 1 bilhão.
  • Apesar disso, o filme conquistou algumas marcas.
  • Foi o primeiro Oscar de Nolan.
  • É também o terceiro maior longa da carreira do diretor, atrás de O Cavaleiro das Trevas Ressurge e O Cavaleiro das Trevas.
  • Também terminou como o terceiro maior filme de 2023, atrás somente de Barbie e da animação Super Mario Bros.

As informações são do Collider.

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A decisão da Universal

Uma bomba atômica explodiu em Nagasaki, no Japão, em 9 de agosto de 1945, na Segunda Guerra Mundial. Crédito: Everett Collection – Shutterstock

A Universal acertou ou errou ao exibir o longa no Japão? A questão é complexa e individual.

Eu, particularmente, não teria lançado nos cinemas. Deixaria que os interessados fossem atrás nas plataformas de streaming. Ao mesmo tempo, sou 100% contra a censura e entendo que o filme retrata um momento histórico – que não dá para ser reescrito.

Repito: a resposta para a pergunta deste título é individual. Cada um tem a sua opinião.

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Nolan não falou especificamente sobre esse assunto. Mas explicou sua decisão de não mostrar os atentados.

Em entrevista à Variety, ele disse o seguinte:

“Oppenheimer ouviu falar do atentado ao mesmo tempo que o resto do mundo. Eu queria mostrá-lo como alguém que está começando a ter uma ideia mais clara das consequências não intencionais de suas ações. Era tanto sobre o que eu não mostro quanto sobre o que eu mostro”, disse Nolan.

Oppenheimer chega ao streaming aqui no Brasil no dia 8 de abril. Ele ficará disponível no Prime Video e no Telecine.