Pesquisadores do Comissariado de Energia Atômica da França (CEA) divulgaram as primeiras imagens feitas pelo Iseult, o scanner de ressonância magnética mais potente do mundo. O aparelho foi capaz de captar o cérebro humano com uma precisão inédita. As imagens agora serão utilizadas em estudos com o objetivo de melhorar a detecção e o tratamento de doenças neurológicas.
Leia mais
- “Neurônios zumbi” revelam detalhes sobre como cérebro aprende
- Biocomputador com células humanas pode revolucionar estudo do cérebro
- Desinfetante demais na limpeza pode danificar o cérebro
Imagens com precisão inédita
O equipamento foi utilizado pela primeira vez em 2021 para escanear uma abóbora. Com o passar do tempo, as autoridades autorizaram o uso em humanos.
A partir desta liberação, cerca de 20 voluntários saudáveis tiveram seus cérebros escaneados em Saclay, subúrbio ao sul de Paris. Os resultados foram surpreendentes e foram obtidos em apenas quatro minutos.
Vimos um nível de precisão nunca antes alcançado. Com essa máquina podemos ver os pequenos vasos que alimentam o córtex cerebral, ou detalhes do cérebro que eram quase invisíveis até agora.
Alexandre Vignaud, físico que trabalha no projeto
O campo magnético criado pelo scanner é de 11,7 teslas, unidade de medida nomeada em homenagem ao inventor Nikola Tesla. Essa potência permite que a máquina escaneie imagens dez vezes mais precisas que os aparelhos normalmente utilizados em hospitais.
A máquina é formada por um cilindro de cinco metros de largura e cinco de altura, dentro do qual há um ímã de 132 toneladas alimentado por uma bobina de 1.500 amperes. A entrada tem 90 centímetros de largura, através da qual o paciente desliza.
O projeto é fruto de uma parceria entre a França e a Alemanha. No total, foram 25 anos de trabalhos conjuntos com um investimento de 70 milhões de euros (mais de R$ 380 milhões).
Scanner abre uma série de novas possibilidades
- Um dos principais objetivos do Iseult é multiplicar a compreensão da anatomia do cérebro e quais áreas são ativadas quando se realiza determinadas tarefas.
- Os pesquisadores esperam entender também os mecanismos ocultos por trás de doenças neurodegenerativas, como Parkinson ou Alzheimer, ou problemas psicológicos, como depressão ou esquizofrenia.
- Outra possibilidade é a de mapear como certos medicamentos usados para tratar o transtorno bipolar são distribuídos pelo cérebro.
- Isso poderia ajudar a identificar quais pacientes responderão melhor ou pior a cada remédio.
- Um novo grupo de voluntários será recrutado nos próximos meses para ter seus cérebros escaneados.
- Apesar do potencial, o scanner não deve ser utilizado em pacientes reais, uma vez que o objetivo não é tornar o dispositivo uma ferramenta de diagnóstico clínico.
- As informações são da Folha de São Paulo.