Modelos mais desenvolvidos de IA para processar imagens, de visão mais geral, têm dificuldade quando usados em algum tipo de dado em que é muito difícil enxergar alguma coisa, pois são treinados para ver imagens cotidianas - Fotomontagem de Jornal da USP com imagens de Elina4ka; Des_Callaghan; Dr. Cecil Fox/National Cancer Institute; El*Falaf; via Wikimedia Commons.
O posto de melhor inteligência artificial capaz de identificar e classificar texturas é ocupado atualmente por uma tecnologia brasileira. Desenvolvida pela USP, a arquitetura de visão computacional consegue discernir entre padrões de imagens extremamente complexos, como os das células do nosso corpo ou os presentes em fotos microscópicas de plantas.
A ferramenta foi reconhecida no ano passado pelo ranking do site Papers With Code como a mais precisa nessa categoria. Detalhes sobre o Radam (sigla em inglês para codificação aleatória de mapas agregados de ativação profunda), como é chamado, foram publicados em um artigo científico na revista Pattern Recognition.
Leia mais:
Na verdade, o Radam funciona como acelerador do processo de identificação de texturas de uma IA genérica. Ele basicamente codifica o que essa IA gera com uma pequena rede neural. Logo depois, um sistema especializado é treinado para a situação específica de detecção dos padrões. Assim, a máquina aprende mais rápido e de forma mais eficiente.
Os desenvolvedores do Radam explicam que a capacidade do sistema de identificar a que objeto uma determinada textura se refere apenas com imagens o faz superar a própria habilidade humana.
O professor orientador do projeto, Odemir Martinez Bruno, do IFSC, argumenta ao Jornal da USP que um biólogo precisa da flor e da semente para identificar uma espécie de planta, enquanto o Radam precisa apenas de algumas fotos microscópicas para realizar a classificação.
Se colocarmos duas gotas de sangue, uma de gato e outra de cachorro, nós não conseguimos diferenciar visualmente. O sistema especialista Radam consegue.
Odemir Martinez Bruno para o Jornal da USP
No entanto, mesmo com a sua alta precisão, a tecnologia não garante total assertividade. Inclusive, ainda é desafiador analisar imagens muito ampliadas ou reduzidas, como fotos do espaço feitas por satélites. Leonardo Scabini, pesquisador do IFSC que liderou o desenvolvimento do sistema, está planejando criar uma nova versão do Radam enquanto estiver no Instituto Real de Tecnologia de Estocolmo, na Suécia.
Esta post foi modificado pela última vez em 8 de abril de 2024 18:17