Uma nova rede social tem feito barulho no Vale do Silício, nos Estados Unidos. Meio que no sentido literal mesmo. Trata-se do Airchat, plataforma que combina o aspecto de feed do Twitter ao formato de áudio do Clubhouse (lembra dele?). A rede social, ainda naquela dinâmica de “só entra quem tiver convite”, bombou tanto recentemente que passou a barrar novas inscrições – temporariamente, claro.

Para quem tem pressa:

  • A nova rede social Airchat tem gerado entusiasmo no Vale do Silício ao combinar o formato de feed do Twitter com a dinâmica de áudio do Clubhouse. A explosão inicial de popularidade até levou a uma pausa temporária nas novas inscrições;
  • O Airchat apresenta um feed simplificado com blocos de texto que são transcrições de áudios, que avança automaticamente de áudio para áudio (usuários podem controlar isso no botão “Reproduzir/Pausar”). Digitação não é permitida – inteligência artificial (IA) cuida da transcrição dos áudios;
  • A jornalista Lauren Goode, da revista Wired, testou o Airchat e observou alguns elementos confusos, como a imediata inclusão de áudios no feed após a gravação e a dificuldade em encontrar o botão para excluir áudios. Ela também mencionou que a navegação nas respostas e a limitação para responder a todas as postagens podem ser menos intuitivas;
  • Em relação à IA, a implementação no Airchat é descrita pela repórter como sensata, com transcrições rápidas e precisas dos áudios, reconhecendo inclusive idiomas além do inglês. O cofundador Naval Ravikant mencionou, em entrevista à revista, que não têm planos de treinar grandes modelos de linguagem (LLMs) com dados de voz dos usuários. Mas os dados de voz serão usados para melhorar as funções de áudio e transcrição do aplicativo.

A rede social traz um feed minimalista com blocos de texto – que são, na verdade, transcrições de áudios. E o aplicativo pula automaticamente de áudio para áudio (para ativar e desativar isso, o usuário precisa tocar no botão “Reproduzir/Pausar”). Para postar, o usuário segura o botão de Áudio/Vídeo, na parte inferior, fala e solta. Digitação não é permitida – inteligência artificial (IA) cuida dessa parte.

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Logotipo da rede social Airchat
(Imagem: Divulgação)

A repórter Lauren Goode, da revista Wired, testou o Airchat e conversou com seu cofundador, Naval Ravikant. Em sua reportagem, ela afirma que a rede social é a “obsessão mais recente do Vale do Silício”. E afirma que o Airchat tem elementos confusos.

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Primeiro, Lauren cita que os áudios vão para o feed assim que o usuário solta o botão Áudio/Vídeo. Depois, aponta que o botão para excluir áudios não é tão fácil de achar. Ela também afirma que navegar pelas respostas de um áudio é “menos intuitivo”, além de não dar para responder a todas as postagens nem respostas num determinado assunto. Por fim, ressalta que não ficou claro o limite de tempo para os áudios na rede social.

A repórter cita outro detalhe importante: por padrão, o Airchat toca os áudios na velocidade 2X, “dando a todos uma vibe vagamente hiperativa acabou-de-acordar-e-tomou-seu-café-e-deu-um-mergulho-gelado”. Mas dá para ajustar isso ao tocar e segurar o botão de Reproduzir/Pausar.

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Lauren escreve que, por ora, o feed do Airchat parece estar cheio de entusiastas de tecnologia, vanguardistas, capitalistas de risco e jornalistas. “Há muitas postagens sobre Bitcoin. O influenciador de vinhos Gary Vaynerchuk está no aplicativo. Assim como o CEO da Y Combinator, Garry Tan.”

IA no Airchat

Montagem com captura de tela de feed da rede social Airchat
(Imagem: Divulgação)

Em relação à inteligência artificial, a repórter da Wired escreve que sua implementação no aplicativo é “silenciosamente sensata”. “As transcrições para cada nota de voz do Airchat aparecem quase imediatamente, e são boas. ‘Ums’ pronunciados aparecem na transcrição, mas outras pequenas pausas e palavras de preenchimento são editadas”, escreve Lauren. E ela acrescenta que a rede social parece reconhecer e transcrever em idiomas além do inglês.

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Na conversa com Ravikant – que aconteceu em público mesmo, dentro do Airchat – a repórter perguntou sobre o que iria acontecer com os dados de voz. O cofundador respondeu que os criadores da rede social não têm intenção de treinar um grande modelo de linguagem (LLM, na sigla em inglês) com vozes de usuários para criar “cones sintéticos estranhos”.

Além disso, Ravikant disse que não venderia dados do Airchat para outra empresa durante o desenvolvimento de modelos de IA – até por conta da dimensão do aplicativo (pequeno) e da forma como seus dados não são categorizados. “O Airchat, no entanto, provavelmente usará os dados de voz das pessoas para treinar um modelo que melhore suas próprias funções de áudio e transcrição. Se você está dentro, você optou por participar.”