Charles Darwin é considerado o pai da evolução. O naturalista, geólogo e biólogo britânico propôs que os seres vivos estão constantemente lutando para sobreviver e que a seleção natural é responsável por garantir a evolução das espécies. Mas você sabia que o Brasil foi parte importante destas conclusões?

Leia mais

publicidade

Durante os anos de pesquisa, Darwin integrou a tripulação do navio HMS Beagle, que fazia levantamentos costeiros e cartográficos de certas regiões da América do Sul. Assim, um dos principais nomes da humanidade passou pelo Brasil em duas ocasiões, em 1832 e 1836.

A expedição do pai da evolução começou em dezembro de 1831 em Plymouth, no Reino Unido, margeou ilhas europeias e africanas, chegou ao Brasil, seguiu para Uruguai e Argentina, cruzou o Estreito de Magalhães, passou por Chile e Peru, aportou em Galápagos, foi para a Oceania e África do Sul, e precisou passar de novo pelo nordeste brasileiro antes de voltar para casa em 1836.

publicidade

Durante todo esse período, Darwin fez observações e coletou muitos animais, plantas e minerais, além de escrever diversas cartas para colegas e familiares. A expedição de quatro anos e meio é considerada fundamental para que ele tivesse muitas ideias e posteriormente pudesse realizar os experimentos que culminaram na Teoria da Evolução.

Mapa da expedição de Darwin (Imagem: Dimitrios Karamitros/Shutterstock)

Passagem de Darwin pelo Brasil e a Teoria da Evolução

Segundo especialistas, a passagem de Charles Darwin pelo Brasil foi imprescindível para que ele tivesse a real percepção sobre o que é a floresta tropical e como podem existir tantas espécies diferentes vivendo no local. Isso porque, até então, o cientista inglês estava acostumado com os ambientes do Reino Unido, cuja biodiversidade é bem mais limitada quando comparada a brasileira.

publicidade

O primeiro contato do naturalista com o Brasil aconteceu em fevereiro de 1832, quando o HMS Beagle chegou o Arquipélago de São Pedro e São Paulo, um pequeno conjunto de ilhéus rochosos no meio do Atlântico. Foi lá que ele fez algumas reflexões sobre a geologia e as espécies que viviam na região.

A constituição mineralógica do terreno não é simples. Em algumas partes a rocha é de quartzo, noutras é de natureza feldspática, com finos veios de serpentina.

Charles Darwin, em diário

Dias depois, a viagem seguiu em direção a Fernando de Noronha e logo se aproximou de Salvador, onde permaneceu por várias semanas e teve o (tão esperado) primeiro contato com a floresta tropical.

publicidade

A mente é um caos de deleites. Quando os olhos tentam seguir o voo de uma vistosa borboleta, são atraídos por alguma árvore ou fruta exótica. Se observam um inseto, esquecem-se dele ao contemplar a flor peculiar sobre a qual rasteja.

Charles Darwin, em diário

A importância daquele momento para a trajetória do cientista foi descrita pelo próprio Darwin.

O dia transcorreu deliciosamente. Mas esse talvez seja um termo pobre para expressar as emoções de um naturalista que, pela primeira vez, aventurou-se sozinho em uma floresta brasileira. A elegância da relva, o inusitado das plantas parasitas, a beleza das flores, o verde brilhante das folhagens e, acima de tudo, a exuberância do ambiente me encheram de admiração. Uma mistura paradoxal de som e silêncio se espalha nas profundezas da mata.

Charles Darwin, em diário

No início de abril de 1832, a expedição aportou no Rio de Janeiro, a então capital brasileira. Foi neste momento que ele viu o primeiro macaco dos trópicos em carne e osso. Dali, o navio seguiu em direção a Montevidéu, no Uruguai.

O Beagle precisou retornar ao Brasil em 1836. A princípio, a ideia dos viajantes era margear a costa da África e retornar diretamente à Europa. Mas houve a necessidade de fazer alguns reparos, o que exigiu uma parada em Salvador e Recife durante algumas semanas de agosto daquele ano.

Como a embarcação ficava muito tempo parada em cada local, o pesquisador teve a oportunidade de fazer caminhadas e expedições em terra firme. Muitas vezes, ele passava dias ou até semanas em viagens exploratórias por terra.

Por fim, ele retornou para casa em 1836. No entanto, só publicaria A Origem das Espécies, livro que revolucionaria o mundo, 23 anos depois, em 1859. As informações são da BBC.

A Origem das Espécies, de Charles Darwin (Imagem: BlueRingMedia/Shutterstock)

Impressões negativas sobre a sociedade brasileira

  • Os diários de Darwin revelam que, em contraste ao deslumbre diante da floresta tropical, ele ficou bastante incomodado com o que viu da sociedade brasileira da época.
  • Isso se deve principalmente ao choque que o naturalista teve diante de um regime escravocrata.
  • Num determinado trecho do diário, ele cita “as atrocidades que só poderiam acontecer num país escravagista”.
  • Em outro, confessa que deseja nunca mais pisar num país escravocrata como o Brasil.
  • Darwin também reclamou dos modos dos brasileiros, que ele considerou excessivamente brutos e pouco corteses.