“Quase colapso” do campo magnético da Terra ajudou evolução da vida no planeta

Estudo mostra que um enfraquecimento do campo há 590 milhões de anos possibilitou o desenvolvimento de vida na Terra
Ana Julia Pilato03/05/2024 15h31, atualizada em 07/05/2024 21h21
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Cientistas da Universidade de Rochester, EUA, apontam que um “quase colapso” do campo magnético da Terra há cerca de 590 milhões de anos ajudou no desenvolvimento de vida no planeta. Apesar da importância do campo para proteger a Terra de radiação, a equipe explica que seu enfraquecimento temporário pode aumentar os níveis de oxigênio e, assim, facilitar o surgimento de vida na superfície.

Entenda:

  • Cientistas apontam que um “quase colapso” do campo magnético da Terra há 590 milhões de anos ajudou no desenvolvimento de vida no planeta;
  • O enfraquecimento temporário do campo aumenta o escape de hidrogênio pela atmosfera e, assim, disponibiliza mais oxigênio – e facilita o surgimento de vida;
  • Amostras de rochas ígneas apresentaram evidências do campo mais enfraquecido já registrado em qualquer outra data;
  • Não se sabe o que causou a diminuição do campo no período, mas a descoberta mostra que, para o desenvolvimento de vida em um planeta, é preciso que seu campo magnético passe por algumas instabilidades;
  • O estudo foi publicado na Communications Earth & Environment.
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(Imagem: 24K-Production/Shutterstock)

No estudo publicado na Communications Earth & Environment, os cientistas analisaram uma amostra de rochas ígneas de 591 milhões de anos, encontrando evidências do campo magnético mais enfraquecido já registrado em qualquer outra data. Acredita-se que o enfraquecimento possibilitou o surgimento da biota Ediacarana há aproximadamente 560 milhões de anos.

Leia mais:

Enfraquecimento do campo magnético aumentou os níveis de oxigênio da Terra

Como explica a equipe no estudo, um campo magnético mais fraco faz com que mais hidrogênio escape da atmosfera e aumente os níveis de oxigênio – embora não se saiba exatamente quanto. “As estimativas mais elevadas podem resultar numa pequena alteração percentual de oxigênio, o que pode representar uma perturbação ou ultrapassagem de um limiar, permitindo a diversificação dos animais ediacaranos”, escrevem.

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(Imagem: Dima Zel / Shutterstock)

Os investigadores sugerem que, com a diminuição do campo, o plasma na atmosfera terrestre ficou exposto ao vento solar – que aumentou a perda de íons de hidrogênio. Além disso, a equipe ainda aponta que essa exposição produziu mais óxidos de azoto, expondo a atmosfera a mais radiação ultravioleta e acelerando o escape de hidrogênio.

O enfraquecimento do campo magnético terrestre no período ainda permanece um mistério. Porém, como sugerem os autores do estudo, as alterações ajudam a compreender que, para a evolução da vida em um planeta, é preciso que seu campo passe por algumas instabilidades ao longo dos anos.

Ana Julia Pilato
Colaboração para o Olhar Digital

Ana Julia Pilato é formada em Jornalismo pela Universidade São Judas (USJT). Já trabalhou como copywriter e social media. Tem dois gatos e adora filmes, séries, ciência e crochê.