Todo ano, novas vacinas contra gripe precisam ser desenvolvidas. Uma das razões é a constante mutação do vírus que causa a doença. Pesquisadores da Universidade de Duke criaram uma abordagem que pode reduzir ou até acabar com esse problema. Ela consiste em estimular o sistema imunológico a atacar partes menos variáveis do vírus.

A pesquisa já realizou testes em animais e os resultados são promissores. Se tudo der certo, teremos uma vacina universal contra gripe com uma proteção de maior duração. Detalhes do estudo foram publicados na Science Translational Medicine.

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Nova abordagem

  • As vacinas atuais contra a gripe funcionam ensinando o nosso sistema imunológico a reconhecer e combater as formas mais perigosas do vírus da gripe.
  • Elas geralmente atingem uma parte específica de uma proteína do vírus chamada hemaglutinina, crucial para iniciar uma infecção.
  • Essa proteína tem duas partes: a “cabeça” e o “pedúnculo”. A primeira é a parte que muda frequentemente, criando um desafio para as vacinas, enquanto o “pedúnculo” muda muito menos.
  • A ideia da nova vacina é se concentrar mais no “pedúnculo” do que na “cabeça” da hemaglutinina.
  • Com uma técnica de edição genética, eles conseguiram estimular o sistema imune a atacar essa parte, o que pode prolongar o efeito da vacina, já que o pedúnculo varia menos ao longo do tempo.
Ilustração do vírus influenza – Imagem: Science Translational Medicine.

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Edição genética e testes

Os pesquisadores usaram uma técnica chamada de edição genética para modificar a proteína hemaglutinina do vírus da gripe. Eles fizeram mais de 80 mil alterações na parte superior da “cabeça” dessa proteína. Em seguida, testaram uma vacina que continha uma mistura dessas variantes em animais, especificamente camundongos e furões.

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Os resultados mostraram que, devido à grande diversidade de formas da “cabeça” da hemaglutinina apresentadas ao sistema imunológico, houve uma produção maior e mais forte de anticorpos contra a parte mais estável da proteína, o “pedúnculo”. Isso não só melhorou a defesa geral, mas também, em alguns casos, a resposta de anticorpos contra a região da “cabeça” da proteína.

Em alguns experimentos, a vacina conseguiu conferir imunidade completa, protegendo 100% dos ratos contra uma dose letal do vírus da gripe. Mas, será que isso acontece com menos variantes da hemaglutinina? É isso que os próximos estudos da equipe devem descobrir.