Um novo estudo, conduzido por uma equipe da Johns Hopkins Medicine, fez uma descoberta que pode apoiar o desenvolvimento de tratamentos contra o câncer. Eles encontraram o “erro” no ciclo celular das células que duplicam seu genoma excessivamente e se tornam cancerígenas.

O conhecimento serve de base para a criação de soluções para os obstáculos responsáveis por atrapalhar esse processo e evitar o crescimento do câncer. A pesquisa foi publicada na Science.

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Anomalia no ciclo celular

Vamos relembrar as aulas de biologia: as células saudáveis possuem 46 cromossomos herdados dos pais, incluindo aqueles que definem o sexo. Nas células cancerígenas, ocorre uma desregulação do ciclo celular, levando a alterações genéticas que resultam em um número maior de cromossomos – 92 no total.

Em condições normais, as células que sofrem estresse durante a replicação do genoma podem entrar em um estado dormente ou senescente e, eventualmente, ser eliminadas pelo sistema imunológico. No entanto, em outras situações, como quando o sistema imunológico não consegue reconhecer e eliminar as células defeituosas, elas podem continuar a se replicar e causar câncer.

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Células que não “dormem”

  • O novo estudo investigou o que ocorre quando as células presentes nos dutos mamários e no tecido pulmonar são expostas a diferentes tipos de estresse, como a radiação UV.
  • Nas análises, os cientistas rastrearam enzimas chamadas quinases dependentes de ciclina (CDKs) que desempenham um papel crucial no ciclo celular.
  • Ao serem expostas a estresse, a atividade dessas enzimas diminui e quando um CDK em específico é inibido, um complexo proteico – o complexo promotor da anáfase (APC) – é ativado pouco tempo antes da mitose, o que normalmente não acontece.
  • Após esse processo, notou-se que a maioria das células (90%) entra em um estado de dormência para se proteger. Porém, algumas (5% a 10%) continuam a se dividir.
  • Uma bateria de outros experimentos revelou que o aumento na atividade das proteínas quinases causado pelo estresse é o que permite às células contornarem a fase de dormência e continuarem a duplicar seu genoma.

Atualmente, ensaios clínicos para testar medicamentos que bloqueiam certas enzimas, como a CDK, estão em andamento. Uma combinação desses medicamentos poderia induzir células cancerígenas a replicar seu genoma duas vezes, o que poderia conferir resistência aos medicamentos.

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Os cientistas acreditam que existe a possibilidade de criar medicamentos que possam bloquear a ativação de certas proteínas antes da divisão celular, impedindo as células cancerígenas de duplicarem seu genoma e, assim, prevenindo a progressão do tumor.

Com informações do Medical Xpress