Grandes cidades estão afundando na China; entenda

De acordo com um recente estudo, 67 milhões de pessoas vivem em áreas que estão afundando rapidamente na China
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 06/05/2024 10h54, atualizada em 06/05/2024 10h57
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Imagem: humphery/Shutterstock
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Pesquisadores de várias universidades chinesas examinaram 82 cidades do país, todas com uma população de mais de 2 milhões de habitantes, para medir os movimentos verticais do solo. Analisando os dados referentes ao período entre 2015 e 2022, a equipe concluiu que 45% das áreas urbanas da China estão afundando mais de 3 mm por ano. Já cerca de 16% dos locais estão se movendo a uma taxa anual superior a 10 mm.

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Afundamento é um problema antigo na China

  • De acordo com o estudo, 67 milhões de pessoas vivem em áreas que estão afundando rapidamente na China.
  • Nas cidades costeiras, há risco de inundações à medida que o nível do mar sobe.
  • O problema no país é antigo.
  • Cidades como Xangai e Tianjin já mostraram evidências de afundamento na década de 1920.
  • As informações são de O Globo.
Risco de inundações é cada vez maior a partir do afundamento das cidades (Imagem: Barnaby Chambers/Shutterstock)

O que está acontecendo com as cidades da China?

O afundamento do solo é influenciado por vários fatores, incluindo a geologia e o peso dos edifícios. Mas segundo os pesquisadores, a perda de água subterrânea debaixo ou perto das cidades para uso da população local tem tido um papel fundamental nesse cenário.

Este fenômeno já foi observado em diversas grandes áreas urbanas em todo o mundo, como Houston (EUA), Cidade do México (México) e Deli (Índia). De acordo com especialistas, na China há muitas pessoas que vivem em áreas cujos sedimentos, do ponto de vista geológico, foram depositados recentemente. Nestes casos, a extração de água subterrânea ou drenagem o solo tende a causar o afundamento.

Mas existem também outras explicações, como os sistemas de transporte urbano e a extração de minerais e carvão. Na região norte de Pingdingshan, uma das maiores jazidas de carvão chinesas, por exemplo, a terra está afundando a uma taxa extremamente rápida de 109 mm por ano.

Os autores do estudo afirmam que uma grande ameaça no futuro é a exposição das populações urbanas às inundações, devido a uma combinação de afundamento do solo e aumento do nível do mar causada pelas alterações climáticas.

Em 2020, cerca de 6% da China tinha uma elevação relativa abaixo do nível do mar. Dentro de 100 anos, este número poderá subir para 26% do país num cenário de emissões de carbono médias a elevadas. A terra está afundando mais rapidamente do que a subida do nível do mar, mas juntos estes fenômenos colocariam centenas de milhões de pessoas em risco de inundação.

Apesar dos alertas, existem estratégias eficazes que podem reverter o quadro. No Japão, a cidade de Tóquio afundou perto da área portuária, até cinco metros no século XX. No entanto, a utilização de boas tubulações de água e a criação de uma lei que proibia o uso de água de poço estabilizou o solo a partir da década de 1970.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.