Cidade do Rio Grande do Sul pode mudar de lugar por conta de enchentes

A cidade de Barra do Rio Azul, no norte do Rio Grande do Sul, tem 1,9 mil habitantes e sofreu a segunda inundação nos últimos seis meses
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 09/05/2024 12h17, atualizada em 10/05/2024 21h17
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A maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul causou grandes estragos em quase todos os munícipios gaúchos. Foram chuvas intensas, deslizamentos de terra e enchentes. A situação é tão dramática, que algumas cidades já informaram que não têm condições de reconstruir tudo o que foi destruído. E há até mesmo quem pensa em mudar todo a cidade de lugar para evitar que a situação se repita.

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Objetivo é afastar a cidade dos rios próximos

O município de Barra do Rio Azul, localizado no norte do estado do Rio Grande do Sul, está estudando a possibilidade de levar o comércio e as casas para longe dos rios Paloma e Azul. A cidade de 1,9 mil habitantes sofreu a segunda inundação nos últimos seis meses.

O prefeito Marcelo Arruda explica que está sendo realizado um estudo em conjunto com o curso de Engenharia Civil da Universidade Regional Integrada (URI) de Erechim para analisar a possibilidade de realocação. O destino seria uma área comprada para o distrito industrial da cidade, a 600 metros de distância do que hoje é o centro da cidade. Não há prazo para a finalização do estudo.

Não tivemos nenhuma vida perdida, mas entendemos que chegou o momento de enfrentar o problema porque não podemos esperar uma terceira enxurrada. Na última (enchente), pensamos que havia sido a maior da história e essa, agora, foi ainda mais grave. Compramos uma área para o distrito industrial e vamos apresentar esse estudo à população, pedir linhas de crédito aos governos estadual e federal, e viabilizar uma situação. Precisamos pensar a longo prazo.

Marcelo Arruda, prefeito de Barra do Rio Azul

A mudança de endereço significaria aumentar em 30 metros a altitude de Barra do Rio Azul em relação ao nível do mar. Atualmente a cidade fica a 430 metros de altitude, o que passaria para 460. Essa distância também reduziria o risco das casas, que hoje ficam a cerca de 15 metros dos rios, serem atingidas por enchentes.

Outra possibilidade seria alargar o curso do rio. No entanto, isso dependeria da realocação de alguns moradores e se trata de uma medida paliativa. As informações são de GZH.

Barra do Rio Azul sofreu a segunda inundação nos últimos seis meses (Imagem: reprodução/redes sociais)

Tragédia climática no Rio Grande do Sul

De acordo com o mais recente balanço da Defesa Civil, subiu para 107 o número de mortes confirmadas pelas fortes chuvas e enchentes que atingem o estado gaúcho. São 136 pessoas desaparecidas, mais de 164 mil desalojadas e aproximadamente 67 mil em abrigos.

A tragédia climática causou impactos severos em 425 dos 497 municípios gaúchos, afetando diretamente quase um milhão e meio de pessoas. O lago Guaíba atingiu o maior nível da história, passando dos 5 metros e 30 centímetros. As inundações paralisaram quase que completamente o fornecimento de água e luz em Porto Alegre e em outras cidades.

Além disso, centenas de pessoas continuam ilhadas e os resgates têm acontecido 24 horas por dia. Um dos pontos que continua completamente alagado é o Aeroporto Internacional Salgado Filho, que anunciou a suspensão de todas as operações até 30 de maio.

Vias bloqueadas ainda dificultam a saída e entrada na cidade. Na região Sul, a Lagoa dos Patos também começou a inundar alguns municípios, caso de Rio Grande. Em 2023, uma série de desastres climáticos causou uma verdadeira devastação no Rio Grande do Sul. Foram registradas 16 mortes em junho, 54 em setembro e outras 5 em novembro.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.