Um grupo de pesquisadores conseguiu desenvolver uma molécula inédita que consegue absorver os gases do efeito estufa. O material poroso é descrito com uma “gaiola de gaiolas” e poderia ser usado para reter o dióxido de carbono e outros gases da atmosfera.

Para quem tem pressa: 

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  • O novo material possui uma estrutura molecular única, nunca desenvolvida;
  • Os teste mostram boa capacidade de absorção de dióxido de carbono e hexafluoreto de enxofre;
  • Suas habilidades podem ser úteis para frear as mudanças climáticas

A pesquisa que descreve a sintetização do material em laboratório foi publicada na Nature Synthesis e conduzida por pesquisadores do Reino Unido e da China. A molécula é produzida em duas etapas, primeiro com reações que formam blocos de construção de prismas triangulares e depois se reúnem em gaiolas tetraédricas maiores e mais simétricas — segundo os pesquisadores essa é a primeira estrutura molecular do tipo.

Para fazer o material poroso, moléculas precursoras com formato de prisma triangular se reúnem em estruturas maiores, semelhantes a gaiolas (Crédito: Zhu et al)
Para fazer o material poroso, moléculas precursoras com formato de prisma triangular se reúnem em estruturas maiores, semelhantes a gaiolas (Crédito: Zhu et al)

A molécula que se forma é ótima em atrair e reter gases do efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono. Além disso, o material se mostrou estável na água, o que permite que seja utilizado para capturar carbono em ambientes industriais através do fluxo de gases úmidos.

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Algumas experiências conduzidas em laboratório também mostraram que a molécula é ótima para absorver o hexafluoreto de enxofre (SF6), o gás com efeito estufa mais potente, segundo o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas. O SF6 permanece na atmosfera por entre 800 a 3200 anos, em comparação com o CO₂  que fica entre 5 e 200 anos, ele é cerca de 23 500 vezes mais poluente quando calculado a permanência na atmosfera por 100 anos.

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É preciso fazer mais do que tirar gases da atmosfera

Apesar de ainda não ter sido testado em grande escala, se o novo material poroso poder tirar grande quantidade de poluentes na atmosfera, ou pelo menos impedir que mais desses gases vá parar nela, ele será o que necessitamos para controlar as alterações climáticas.

Chaminés de fábrica soltando fumaça
Poluentes sendo liberados na atmosfera (Crédito: Robert S. Donovan)

Estima-se que seja necessário retirar anualmente cerca de 20 bilhões de toneladas de CO₂ da atmosfera para que nossas emissões sejam anuladas. No entanto, atualmente apenas 2 bilhões de toneladas do gás são retirados do ar, a maioria por árvores e o solo e apenas 0,1% disso, cerca de 2,3 milhões de toneladas, por novas tecnologias.

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Novos materiais têm sido desenvolvidos para a captura de poluentes, e cada vez mais se tornado mais eficientes e consumindo menos energia, e o novo material poroso pode se tornar uma opção. No entanto, além disso, é preciso reduzir as emissões dos gases do efeito estufa, antes que essas tecnologias se tornem aplicáveis em grande escala.