Vazio no Universo com quase dois bilhões de anos-luz de diâmetro é encontrado

Essas regiões do Universo, apesar de parecerem vazias, possuem uma baixa concentração de galáxias, dando a aparência de não existir nada ali
Por Mateus Dias, editado por Bruno Capozzi 14/05/2024 19h14, atualizada em 23/05/2024 21h41
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Enquanto um grupo de astrônomos investigava o desvio para o vermelho no Universo, em 1981, algo que não apareceu para eles durante as observações chamou a atenção. Eram esperadas galáxias, mas o que se viu foi enorme região do cosmos que parecia vazia.

[Descobrimos] que as distribuições do desvio para o vermelho em cada um dos três campos do norte mostravam uma lacuna idêntica de 6.000 [quilômetros por segundo]. Como esses campos estavam separados por ângulos de ~ 35°, isso sugeria a existência de um grande vazio na distribuição de galáxias de diâmetro angular pelo menos comparável.

Trecho do artigo publicado por astrônomos, em 1986

Quando os pesquisadores descobriram essa região do Universo, eles a definiram como de alta importância estatística, além de não apontar que ela não coincidia com nenhum modelo de crescimento do cosmos na época.

  • A região está localizada próxima à galáxia de Boötes, recebendo o nome de Vazio de Boötes, e às vezes de Grande Nada;
  • Ele possui cerca de 330 milhões de anos-luz de diâmetros, o que é equivalente a 0,35% de todo Universo observável;
  • Apesar de parecer um grande vazio, existem cerca de 60 galáxias por lá, muito menos do que as cerca de 2 mil que deveriam existir pelas estimativas de 1 galáxia a cada 10 milhões de anos-luz.
Vazio de Boötes (Crédito: Powell, Richard., Atlas do Universo via Wikimedia Commons ( CC BY-SA 2.5 ))
Vazio de Boötes (Crédito: Powell, Richard., Atlas do Universo via Wikimedia Commons ( CC BY-SA 2.5 ))

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Um vazio ainda maior

Segundo a IFLScience, o grande vazio não implica com nenhuma das nossas ideias sobre a formação de galáxias, na verdade, acredita-se que ele tenha se formado a partir da fusão de vários vazios menores. No entanto, ainda é estranho pensar como seria observar o céu noturno dentro do Vazio de Boötes.

Os pesqusiadores pensavam que o ponto frio no mapa de radiação Cósmica de Fundo poderia ser explicado pela existencia de uma grande região vazia. Apesar de existir evidencia de um vazio que abrange a região, ele não é grande o suficente para explicar a mancha no mapa de CMB (Crédito: Planck/ESA)
Os pesquisadores pensavam que o ponto frio no mapa de radiação Cósmica de Fundo poderia ser explicado pela existência de uma grande região vazia. Apesar de existir evidência de um vazio que abrange a região, ele não é grande o suficiente para explicar a mancha no mapa de CMB (Crédito: Planck/ESA)

Até 2015, essa região foi o maior vazio que conhecemos. No entanto, enquanto pesquisadores observavam o ponto frio da radiação cósmica de fundo em micro-ondas em busca de uma explicação para sua existência, eles acabaram encontrando uma nova região vazia no Universo, dessa vez muito maior, medindo cerca de 1,8 bilhão de anos-luz de diâmetro e ocupando 1,91% do diâmetro do universo observável.

Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.