Mineral tóxico formado por erupções foi usado por antigas civilizações

O cinábrio é um dos poucos minérios descobertos, processados e usados de forma independente por povos antigos em diversas partes do mundo
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 15/05/2024 17h21
Cinabrio-1
Imagem: Albert Russ/Shutterstock
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O cinábrio é um mineral que fascina o homem há séculos. Ele é formado por erupções vulcânicas e preenche as rachaduras que permanecem nas rochas. Apesar de tóxico, este é um dos poucos minérios que foram descobertos, processados e utilizados de forma independente por povos antigos em diversas partes do mundo.

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Diversos usos ao longo da história

Segundo pesquisadores, o cinábrio podia ser facilmente moído e transformado em um pó fino que, misturado com diferentes líquidos, transformava-se em vários tipos de tinta. Como pigmento, chamado vermelhão, ele foi usado para dar tons que iam do vermelho laranja brilhante ao violeta avermelhado mais apagado.

Há cerca de 10 mil anos, nossos antepassados usaram este mineral para pintar imagens do auroque, um bovino gigante hoje extinto, nas paredes do antigo assentamento de Çatalhöyük, onde hoje fica a Turquia. Ele também foi utilizado em cerâmicas da cultura Yangshao, na China, entre os anos 5 mil e 3 mil a.C.

O cinábrio ainda foi encontrado em túmulos, murais, máscaras, ornamentos e sobre metais preciosos das culturas da área andina e da Mesoamérica. Na Europa, ele foi amplamente utilizado pelos romanos.

Séculos depois, durante o Renascimento, o mineral passou a ser usado em selos de cera para certificar documentos e como pigmento vermelho brilhante por artistas como Giotto, Tizano e Van Eyck. As informações são da BBC.

Vila dos Mistérios de Pompéia é um dos exemplos do uso do cinábrio como tinta em pinturas romanas (Imagem: Alfiya Safuanova/Shutterstock)

Cinábrio pode causar problemas à saúde

  • Em muitas culturas o cinábrio foi usado também para fins medicinais, metalúrgicos e simbólicos.
  • Isso porque ele tinha algumas propriedades incomuns.
  • O filósofo grego Teofrasto observou que “quando esmagado com vinagre em pilão de cobre, da prata líquida (como era comum referir-se antigamente ao mercúrio)”.
  • Já quando é aquecido em um forno, o mercúrio escapa na forma de vapor, que se condensa em mercúrio líquido.
  • O escritor romano Plínio, o Velho, relata que o mercúrio dissolve o nobre metal ouro.
  • Esse processo se tornaria um dos principais métodos de purificação do ouro ao longo dos séculos.
  • No Império Chinês, os elixires de vermelhão eram consumidos para prolongar a vida e obter a imortalidade.
  • Até hoje existem cerca de 40 medicamentos tradicionais que contêm cinábrio.
  • Isso acaba sendo surpreendente já que quando as temperaturas aumentam, o cinábrio libera vapor de mercúrio, que é tóxico e pode causar riscos à saúde.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.