Na geologia, existe uma maneira de descobrir a origem, idade e processos geológicos de um determinado material, como o solo ou rochas. Um grupo de pesquisa levantou a hipótese de que a técnica também pudesse ser aplicada na medicina, especificamente nas investigações sobre o câncer. E eles estavam certos!

Com os conhecimentos da ciência geológica, foi possível identificar a “impressão digital” do câncer ao nível atômico. Isso pode permitir diagnósticos mais rápidos, importantes para a sobrevivência em casos da doença.

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Técnica geológica de investigação da terra

Para investigar certos materiais, pesquisadores do campo da geologia analisam as variações naturais na distribuição de isótopos de hidrogênio para obter informações sobre diversos processos geológicos e biológicos.

Os isótopos de hidrogênio são diferentes versões do mesmo elemento, com o mesmo número de prótons, mas diferentes números de nêutrons. O deutério é um dos mais estáveis deles e se distingue por possuir um nêutron extra. Na Terra, é menos abundante do que o hidrogênio comum.

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Os três isótopos estáveis de hidrogênio: prótio , deutério e tritium. – Imagem: Dirk Hünniger/wikimedia commons

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Essa técnica estuda as diferentes proporções de isótopos de hidrogênio em materiais geológicos, como rochas antigas e mantos de gelo. A distribuição deles revela informações sobre sua formação e história.

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Dentro do nosso corpo também existem esses conjuntos de átomos de hidrogênio. Se podem revelar segredos da terra, por que não do nosso organismo? A questão levou a descoberta da “impressão digital” do câncer.

A impressão digital do câncer

  • Para gerar energia, as células de rato podem utilizar a fermentação. As cancerígenas também usam esse mecanismo para crescer.
  • Partindo desse fato, os cientistas tentaram rastrear alterações metabólicas que poderiam indicar a presença prévia do câncer. Nesse caso, analisando os isótopos de hidrogênio.
  • Em laboratório, cultivaram células de fígado e leveduras de ratos e analisaram como o câncer modifica a composição atômica de hidrogênio das células.
  • Descobriram que em células com crescimento anormal (como as de câncer) a proporção de hidrogênio e deutério é distinta.
  • As células de levedura em fermentação tinham cerca de 50% menos deutério. A redução foi semelhante em células cancerosas.
  • Ou seja, as evidências indicam que a diferença na distribuição dos isótopos é uma marca própria do câncer. Uma “impressão digital”.
Ilustração de uma célula cancerígena – Imagem: Shutterstock/Kateryna Kon

O que a descoberta significa?

Entender a composição atômica das células e se existem mudanças entre as saudáveis e as doentes pode ajudar no diagnóstico precoce de doenças. O novo estudo conseguiu encontrar o sinal isotópico que diferencia as células do câncer. Através dessa característica, é possível detectar e acompanhar o progresso da condição, com um simples exame de sangue, por exemplo.

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Isso significa que uma ferramenta usada para rastrear a saúde planetária também poderia ser aplicada para rastrear a saúde e as doenças nas formas de vida, esperançosamente um dia nos humanos. Crescendo em uma família desafiada pelo câncer, espero ver esta área se expandir.

Xinning Zhang, autor do estudo para o Science Alert.

A pesquisa foi publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.