Por que as raras auroras ficaram visíveis no mundo todo?

As auroras forma visíveis em regiões de baixa latitude da Terra, como os Estados Unidos, Europa e Austrália
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 17/05/2024 07h00
Aurora vista no dia 10 de maio em Cleveland, Ohio, nos EUA (Crédito: Meredith Garofalo)
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No último final de semana, uma mancha solar enorme lançou uma série de ejeções de massa coronal que atingiram a Terra. Ao encontrar o campo magnético terrestre, esses jatos de plasma acabaram desencadeando auroras, no entanto, em localidades abaixo do normal. 

Para quem tem pressa:

  • No último final de semanas, as auroras puderam ser observadas em diversas regiões de baixa latitude;
  • Isso se deu devido a poderosas ejeções de massa coronais emitidas por uma mancha solar 15 vezes maior que a Terra;
  • Ao colidirem com a magnetosfera desencadearam uma tempestade geomagnética de nível G5.

As auroras puderam ser vistas em quase todo os Estados Unidos, na Europa, Austrália e em outras regiões do globo. Segundo a Space.com, para que isso aconteça, as tempestades geomagnéticas precisam atingir o mais poderoso nível, mais especificamente o G5, na escala do Centro de Previsão do Clima Espacial (SWPC) da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA). Para que elas cheguem a isso, as explosões de massa coronal devem se fundir ou chegar a Terra todas juntas, o que é bem difícil.

Aurora austral no céu da Floresta Kuitpo, no sul de Adelaide Hills, Austrália. (Crédito: Simon Deluca-Cardillo)

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Uma forte tempestade geomagnética foi o que causou as auroras

De acordo com SWPC, a última vez que uma tempestade geomagnética do tipo aconteceu, foi no final de outubro de 2003, estando associada a violentas ejeções de massa coronal. Essas explosões surgem em aglomerados de manchas solares grandes e magneticamente complexos, que geralmente acontecem apenas quando o ciclo solar se aproxima do seu máximo, a cada 11 anos.

Não tivemos nenhuma tempestade G5 no último ciclo de 11 anos. Quando um grupo de manchas solares se desenvolve, tem normalmente entre uma e três vezes o tamanho da Terra. A complexidade magnética pode produzir uma pequena explosão, mas não muito. Esta foi uma mancha solar que cresceu e continuou a crescer até se tornar o gigante que é agora, 15 vezes o tamanho da Terra. É tão complexo que entrou em erupção repetidamente na última semana.

Bill Murtagh, coordenador do programa SWPC, em resposta a Space.com
Agrupamento de manchas solares AR3664 tem a largura 15 vezes maior que a Terra. (Crédito: Philip Smith via Spaceweather.com)

No entanto, mesmo que tenha sido incrível que as auroras fossem visíveis em outras regiões do globo, a tempestade geomagnética também causou problemas. Houve relatos de irregularidades nas redes elétricas e degradação das comunicações de alta frequência, GPS e potencialmente navegação por satélite.

Por agora, a enorme mancha solar não deverá mais ser um problema, visto que ela não está mais voltada para a Terra. No entanto, ela evidencia a importância das previsões de meteorologia espacial, permitindo que nos preparemos para esses cenários, seja para sabermos quando ver as auroras, ou nos prepararmos para os danos que as tempestades geomagnéticas podem causar.

Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.