Vacinação recorrente da Covid-19 aumenta imunidade contra próximas variantes, diz estudo

Ao contrário da vacina da gripe, vacinação frequente contra Covid-19 acumula anticorpos e melhora resposta imunitária
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Ana Luiza Figueiredo 20/05/2024 16h23
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Imagem: Shutterstock/Yalcin Sonat
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Estudos já provaram que as vacinas atuais contra Covid-19 protegem contra variantes do vírus, algo que, apesar das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e outros órgãos de saúde, poderia desestimular uma campanha de vacinação recorrente. As vacinas contra influenza, por exemplo, não têm a mesma cobertura.

No entanto, pesquisadores descobriram que se vacinar de forma recorrente contra a doença aumenta a imunidade e a memória dos anticorpos contra o vírus original, variantes e também mutações que ainda nem existem.

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Vacinação recorrente contra Covid-19

A OMS recomendou que a vacinação da Covid-19 aconteça anualmente para se prevenir contra as possíveis mutações do vírus, mas cientistas temem que o sucesso dos imunizantes desincentivem as campanhas.

Isso é diferente do que acontece com a gripe, por exemplo. No caso do vírus da influenza, causador da doença, a imunidade produzida pelas vacinas de um ano interfere na resposta imunológica nos anos seguintes, reduzindo a eficácia.

Um novo estudo mostrou que, ao contrário da influenza, as vacinas da Covid-19 não inibem as respostas anteriores. Ao contrário: promovem o desenvolvimento de anticorpos contra o vírus.

(Imagem: Shutterstock/Spectral-Design)

Como foi o estudo

Publicado na revista Nature, o estudo mostrou que pessoas que foram repetidamente vacinadas contra a Covid-19 (tanto com a vacina original quanto com as doses de reforço) geraram anticorpos capazes de neutralizar uma ampla gama de mutações do SARS-CoV-2, incluindo mutações ainda não existentes.

Veja como foi o processo:

  • Os pesquisadores estudaram anticorpos de ratos e pessoas que receberam mais de uma vacina contra a Covid-19 (visando o vírus original e a variante ômicron). Alguns dos participantes humanos já haviam contraído o vírus;
  • O primeiro passo da análise era analisar quantos dos participantes tinham anticorpos para a variante original, variante ômicron ou ambas;
  • A descoberta é que poucas pessoas desenvolveram anticorpos exclusivos para cada uma. Na verdade, a grande maioria deles reagia contra ambas as variantes;
  • O segundo passado foi analisar até que ponto a “reação cruzada” (para mais de uma variante) se estendia. Nesses casos, os imunizantes miram características compartilhadas entre elas;
  • Para isso, os pesquisadores aumentaram a amplitude dos anticorpos analisados para outras variantes do SARS-CoV e para o vírus da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS). O único que os anticorpos não neutralizaram foi o MERS.

O que isso diz sobre a vacinação

O estudo aponta que a ampla cobertura identificada é resultado da combinação de vacinas originais e variantes.

Por exemplo, as pessoas que receberam apenas vacinas para o vírus original SARS-CoV-2 desenvolveram anticorpos que também neutralizaram outras variantes. Com o reforço contra a ômicron, a amplitude de anticorpos combatidos aumentou.

A conclusão é que, quando tomadas em conjunto, a vacinação regular contra a Covid-19, atualizada com certa frequência, permite não só combater os vírus da Covid-19 já existentes, mas variantes futuras.

subvariantes Ômicron
(Imagem: shutterstock/Fit Ztudio)

Então por que se vacinar contra a Covid-19?

Se a dose única da vacina já é eficaz, por que se vacinar com recorrência?

O estudo sugere que, além de não prejudicar a resposta imunológica do corpo, a vacinação recorrente contra a Covid-19 promove um acúmulo de anticorpos contra o vírus e suas mutações, inclusive aquelas que ainda estão por vir.

Além disso, a recorrência ativa e estimula o desenvolvimento da memória imunológica das células, melhorando a eficácia do combate.

Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.