Mudanças climáticas estão piorando doenças cerebrais; veja quais

Estudo apontou que temperaturas altas têm agravado sintomas de algumas doenças, como Alzheimer, epilepsia e AVC
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Gabriel Sérvio 21/05/2024 06h40
Cerébro afetado pelo calor.
(Imagem gerada com IA via DALL-E/Olhar Digital)
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O cérebro humano opera sob uma determinada temperatura ideal e, com o passar dos anos, se adaptou para dar contas das flutuações sem deixar suas funções de lado. No entanto, as mudanças climáticas e o aumento acelerado nas temperaturas globais estão agravando sintomas de algumas doenças cerebrais, como AVC, epilepsia, Alzheimer e Parkinson.

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Cérebro vs. mudanças climáticas

Nosso cérebro é responsável por uma gama de funções e funciona como um computador adaptável. Muitos dos componentes que formam esse órgão funcionam sob os limites de uma temperatura ideal, que varia entre 20ºC e 26ºC e 80% de umidade. Ou seja, já estamos funcionando acima do ideal.

Quando a temperatura e umidade aumentam de forma acelerada, como têm acontecido nos últimos anos devido às mudanças climáticas, o cérebro não se adapta a tempo e luta para desempenhar suas funções da mesma maneira.

Um novo estudo publicado na The Lancet Neurology apontou que isso já não está acontecendo mais em alguns casos.

Médico segurando chapa de ressonâncias cerebrais
(Imagem: sfam_photo/Shutterstock)

Doenças cerebrais

É o caso de pessoas com doenças cerebrais.

Sintomas de algumas condições já causam alterações nesse sentido, como mudança nos padrões de transpiração (essencial para regular a temperatura corporal) ou de reação do corpo. Esses efeitos são agravados pelas mudanças climáticas e as consequentes ondas de calor.

Veja alguns dos exemplos pontuados no estudo:

  • As ondas de calor pioram a qualidade do sono e quadros de epilepsia;
  • As temperaturas altas também fazem com que conexões cerebrais defeituosas diminuam o ritmo, piorando casos de esclerosa múltipla;
  • O calor torna o sangue mais espesso e, portanto, mais propenso a coagular devido à desidratação. Isso aumenta as chances de AVC;
  • A pesquisa aponta que, diante das consequências das mudanças climáticas, as internações se tornam mais comuns, agravam quadros de doenças no cérebro e aumentam o risco de morte;
  • Condições psiquiátricas também podem piorar.
(Imagem: Shutterstock/Naeblys)

Como se prevenir

Para além de limitar as mudanças climáticas e o aumento da temperatura global acima dos níveis recomendados, o estudo sugere ações focadas nas pessoas com doenças neurológicas.

Uma estratégia é a comunicação eficaz, oferecendo informações sobre os riscos do calor e se certificando que as pessoas estejam entendendo a mensagem.

Outra é adaptar as informações meteorológicas de forma personalizada para os riscos climáticos das temperaturas extremas (nesse caso, não só para as pessoas com as condições cerebrais).

Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.

Gabriel Sérvio é formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário Geraldo Di Biase e faz parte da redação do Olhar Digital desde 2020.