Um novo livro escrito pelo neurocientista Charan Ranganath apresenta uma abordagem completamente diferente sobre a memória. Em Why We Remember (“Por que nos lembramos”, em português), o autor afirma que o esquecimento pode ser, inclusive, benéfico para a saúde.

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As falhas de memória podem ser recursos úteis do cérebro (Imagem: Bits And Splits/Shutterstock)

O esquecimento nem sempre é algo negativo

  • De acordo com Ranganath, “a memória é muito, muito mais do que um arquivo do passado; é o prisma através do qual vemos a nós mesmos, aos outros e ao mundo”.
  • O professor de psicologia da Universidade da Califórnia passou os últimos 30 anos explorando os processos cerebrais por trás da nossa capacidade de recordar, de lembrar e de esquecer.
  • Ele argumenta que muitas das nossas suposições comuns sobre a memória são equivocadas e que as suas aparentes falhas muitas vezes surgem de seus recursos mais úteis, criando uma flexibilidade cognitiva que tem sido essencial para a nossa sobrevivência.
  • As informações são do G1.
mulher sinalizando que esqueceu alguma coisa
Não podemos lembrar de tudo, defende o autor (Imagem: Shutterstokck)

“Precisamos realmente memorizar tudo?”

Charan Ranganath explica que as memórias são formadas por meio de mudanças na força das conexões entre os neurônios. E que algumas destas ligações não serão tão boas, enquanto outras serão mais fortes e eficazes. É por isso que quando você tenta recuperar essas memórias, sua lembrança sempre será um pouco imperfeita.

Isso significa que extrair o material que você está tentando aprender é a melhor maneira de aprender mais, porque expõe essas fraquezas e, portanto, dá ao seu cérebro a chance de otimizar essas memórias. Desta forma, técnicas de aprendizagem ativa — como dirigir por um bairro em vez de apenas procurá-lo no Google Maps, ou atuar em uma peça em vez de ler o roteiro repetidas vezes — acabam sendo mais eficazes.

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Em outro ponto, o autor afirma que o esquecimento pode ser benéfico. Ele observa que se não esquecêssemos nada, estaríamos acumulando memórias e nunca conseguiríamos encontrar o que desejamos e quando desejamos. Ranganath questiona: “precisamos realmente memorizar tudo que acontece todos os dias?”.

O neurocientista ainda destaca que, à medida que envelhecemos, não paramos de formar memórias, mas deixamos de nos concentrar nas informações que precisamos lembrar. Em outras palavras, “tornamo-nos mais distraídos e todas essas coisas fúteis surgem às custas do que importa”. Assim, quando tentamos recordar essas memórias, não conseguimos encontrar a informação que procuramos.