Golpes envolvendo carros tiraram quase R$ 3 bilhões de brasileiros em 2023

Levantamento da OLX mostra que a maioria das fraudes do tipo ocorrem em processos de compra e venda de carros populares.
Por Bob Furuya, editado por Bruno Capozzi 24/05/2024 15h17
golpe digital
Imagem: fizkes/Shutterstock
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Sim, o número que aparece no título é assustador. Mas é o que mostra um levantamento feito pela OLX. De acordo com a empresa, 91 mil golpes de compra e venda de veículos online foram aplicados em 2023 aqui no país. A soma total das perdas chegou a impressionantes R$ 2,7 bilhões.

São golpes dos mais variados possíveis: no mais comum, a vítima transfere o valor (muito abaixo do praticado pelo mercado), mas não existe carro nenhum. O criminoso apenas desaparece com o dinheiro.

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Você que está lendo esse texto pode dizer: “ah, mas eu nunca cairia em um golpe desses”. No que eu respondo: nunca diga nunca.

Às vezes você está precisando muito de um veículo e simplesmente cai na fraude por ingenuidade ou ansiedade ou afobação. Às vezes você compra um veículo com um problema crônico que só vai aparecer com o tempo. Ou ainda o golpista pode fazer parte de uma quadrilha mega estruturada e te engana em uma das etapas do processo.

O mais comum, de acordo com a OLX, são os golpes ligados a vendas de carros: eles respondem por 64% do total. Na sequência aparecem motos, com 31%, e caminhões com apenas 5%.

O levantamento ainda revela que o estado que mais registra golpes é São Paulo, com 28% dos casos. A região Sudeste no geral lidera essas estatísticas: Minas Gerais responde por outros 8% e o Rio de Janeiro por 7%.

Quais são os veículos que mais aparecem nas fraudes

  • Muito se engana quem pensa que os carros mais usados na aplicação de golpes sejam veículos de luxo.
  • Pelo contrário: segundo a OLX, a maioria das fraudes envolve carros mais simples e antigos.
O Volkswagem Gol 2003 não paga IPVA
O Gol lidera a lista de carros mais usados em golpes – Imagem: Divulgação/Volkswagem
  • Para você ter uma ideia, dividem a liderança Celta e Gol, com 9% das ocorrências.
  • Na sequência aparecem o Palio (6%) e o Corsa (5%).
  • Quem fecha o Top-5 é o Uno, com 4%.
  • Só aí aparece o Corolla, também com 4%.
  • A OLX não explica o motivo para isso, mas eu tenho a minha suspeita.
  • É mais fácil enganar alguém quando se trata de quantias menores.
  • Você não desconfia tanto de um Gol bolinha a R$ 10 mil, mas desconfia de um Nissan Kicks a R$ 40 mil.
  • Sem contar que você até toparia pagar um adiantamento de R$ 5 mil pelo Gol, mas não pagaria fácil um adiantamento de R$ 20 mil.
  • Vale destacar que a OLX analisou dados de janeiro a dezembro de 2023.
  • As fraudes dizem respeito apenas aos negócios realizados no meio digital.

Como se prevenir

Eis o tópico mais importante do texto. A principal dica é: preste atenção e seja minucioso em todas as etapas do processo.

Não compre de qualquer pessoa ou em qualquer lugar. Existem sites confiáveis para isso e locais adequados. E, mesmo nesses ambientes, converse bastante, entenda e negocie. Quantos donos o veículo já teve? Qual a quilometragem dele? A documentação está correta?

Dica importante: não faça negócios com qualquer um – (Imagem: Vitória Lopes Gomez/Olhar Digital/DALL-E)

Outro ponto importante: o carro realmente existe? Isso vale principalmente para quem faz negócio online. Eu sei que talvez você não tenha tempo, mas o ideal é que marque um encontro com o vendedor (em um local seguro) antes de concluir qualquer transação.

Por fim, marque uma inspeção ou vá conhecer o veículo com um mecânico de confiança. Ah, mas eu entendo de carro. No seu caso, tudo bem. Mas eu falo por mim: não entendo quase nada e seria facilmente deixado para trás. Nem que você contrate um mecânico para esse serviço: com certeza será mais barato do que ficar com uma bomba na mão.

As informações são do Auto Esporte.

Bob Furuya
Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.