“Olhar de cachorrinho” não é feito apenas para agradar humanos

Os olhinhos de cachorro são resultados da presença de músculos em torno dos olhos altamente desenvolvidos
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 25/05/2024 06h00
Olhos de cachorrinho
Crédito: Mark Stephen Spiteri/ shutterstock
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Provavelmente você já encontrou um cachorro e ele te olhou de volta com olhos grandes e tristes implorando por algo, provavelmente carinho. Apesar de anteriormente um estudo apontar que toda essa expressão era fruto da domesticação, uma nova pesquisa descobriu que outras espécies de canídeos também possuem essa habilidade.

  • A expressividade dos cachorros são graças a músculos bem desenvolvidos ao redor de seus olhos;
  • Um estudo de 2019 apontou que esses músculos se desenvolveram graças a domesticação, mas a nova pesquisa descobriu algo diferente;
  • Analisando uma outra espécie de canídeo, os pesquisadores encontraram esses músculos desenvolvidos em outro animal.

A primeira pesquisa foi publicada em 2019 e descobriu que os cachorros possuem músculos ao redor dos olhos muito desenvolvidos quando comparados aos lobos. Esses músculos são permitindo toda essa expressividade e os investigadores sugeriram que eles começaram a se desenvolver devido à proximidade com os humanos, para que pudessem imitar nossas expressões faciais.

No entanto, na nova pesquisa publicada na revista The Anatomical Record essas alegações foram descartadas. O estudo investigou se os músculos desenvolvidos ao redor dos olhos aconteciam em outros animais do grupo dos canídeos, mais especificamente no cão selvagem africano (Lycaon pictus).

Cão selvagem africano (Lycaon pictus)  (Crédito: Richard Juilliart/ shutterstock)
Cão selvagem africano (Lycaon pictus) (Crédito: Richard Juilliart/ shutterstock)

Leia mais:

Outros animais também possuem esses “olhinhos de cachorro”

Os cientistas, liderado por Heather Smith, investigaram um espécime morto de cão selvagem africano doado por um zoológico. A investigação descobriu que esses outros canídeos não só possuem os mesmo músculos que os cachorros, como eles são tão desenvolvidos quanto.

A hipótese levantada é que por serem altamente sociais e viverem em grupos de cinco a nove indivíduos, os músculos ajudam os cães selvagens africanos a se comunicarem visualmente durante caçadas na savana aberta. Os rostos expressivos podem permitir que esses animais trocassem sinais silenciosos.

Os musculos facias desenvolvidos pode ter facilitado a comunicação visual desses animais durante as caçadas (Crédito: Martin Mecnarowski/shutterstock)
Os músculos faciais desenvolvidos pode ter facilitado a comunicação visual desses animais durante as caçadas (Crédito: Martin Mecnarowski/shutterstock)

Acredita-se que apesar de também serem muito sociais, os lobos não possuem essas características porque dependem de menos comunicação visual. Isso porque eles geralmente caçam em lugares mais densos, onde a comunicação usando vocalizações e cheiros complexos são mais úteis do que sinais visuais.

Os pesquisadores esperam que no futuro investiguem a presença desses músculos faciais desenvolvidos em outros canídeos para além dos cachorros e cães selvagens africanos, como raposas e lobos asiáticos. Essas pesquisas poderão revelar mais informações sobre como esses animais caçam e se comunicam.

Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.