Marcas em crânio de 4 mil anos indicam possível tratamento de câncer

O crânio egípcio é o primeiro registro conhecido até hoje na história de uma tentativa de tratar um câncer
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 29/05/2024 10h06
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Imagem: Tondini, Isidro e Camarós (2024)
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O câncer é um dos principais problemas de saúde na atualidade. Mas também há registros da doença no passado. Os antigos egípcios, por exemplo, teriam tentado tratar um câncer na região da cabeça de um paciente, há milhares de anos.

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Primeiro registro conhecido de uma tentativa de manipular câncer

  • A revelação faz parte de um estudo publicado na revista Frontiers nesta quarta-feira (29).
  • Os pesquisadores examinaram dois crânios de 4 mil anos com evidências da doença.
  • Em um deles, foi observado que houve intervenções no tumor.
  • De acordo com a pesquisa, este é o registro mais antigo conhecido até hoje de uma tentativa de manipular um câncer.
Corte indicando tentativa de tratamento de câncer no Egito Antigo (Imagem: Tondini, Isidro e Camarós (2024)

Tumor sofreu metástase e se alastrou pela cabeça

Os dois crânios fazem parte da coleção do laboratório Duckworth, vinculado à Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Eles são estudados com o objetivo de “entender como a sociedade interage com doenças e também como as doenças evoluem”.

Os pesquisadores explicam que a civilização egípcia é uma rica fonte de estudo em razão da sua avançada medicina na antiguidade. Por isso, foi realizada inicialmente uma análise macroscópica dos crânios para identificar se era de fato um caso de câncer.

Depois dessa primeira etapa, o estudo envolveu um sistema de microtomografia computadorizada. Utilizado hoje em dia para pacientes com câncer, esse equipamento realiza uma espécie de raio-X em 3D de alta resolução. Por meio disso, foi possível realizar um diagnóstico da situação do câncer que havia se desenvolvido naquele crânio.

A conclusão da pesquisa é que um dos crânios apresentava, de fato, sinais da doença. Segundo o estudo, a pessoa inicialmente teve um câncer nasofaríngeo, na região do pescoço. O tumor sofreu metástase e se alastrou pela cabeça.

Os pesquisadores ainda observaram que os egípcios realizaram cortes nesses tumores secundários. Eles teriam usado algum tipo de metal muito afiado para cortar com precisão o tumor. Não é possível entender o que ocorreu depois que a intervenção foi feita. Os cientistas afirmam que a descoberta mostra que a medicina do Egito Antigo tinha suas limitações relacionadas a cânceres.

Uma das dúvidas que persiste é em relação ao momento em que o tumor foi cortado. Isso pode ter ocorrido ainda com o paciente vivo, com o objetivo de tratar a doença. Outra possibilidade é que o indivíduo já estivesse morto. Neste caso os egípcios estariam fazendo uma autópsia para investigar o tumor.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.