Pesquisadores que se debruçaram sobre textos antigos perceberam um fato curioso: os autores, mesmo aqueles adeptos da literatura descritiva, não usavam a palavra azul.

Em “A Odisseia”, por exemplo, Homero afirma que o mar da Grécia Antiga era “escuro como o vinho”. Em “A Ilíada”, o mesmo poeta grego declarou que o céu tem “cor de bronze”.

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Esse padrão se repete em outras civilizações. Um filósofo alemão chamado Lazarus Geiger estudou sagas islandesas, o Alcorão, antigas histórias chinesas, uma versão da Bíblia em hebraico e até hinos védicos hindus. O que todos têm em comum? A ausência da palavra azul.

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Agora, será que isso quer dizer que as civilizações antigas não conseguiam enxergar a cor azul? Ou será que havia alguma proibição em torno dessa palavra?

Entenda a seguir algumas possibilidades com as quais os especialistas trabalham.

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O poeta grego Homero não utilizou a palavra azul em seus textos clássicos – Imagem: okanozdemir/Shutterstock

A palavra nem existia direito

  • A questão não é exatamente sobre se elas enxergavam ou não.
  • Os historiadores identificaram um padrão sobre cores nesses textos antigos.
  • Muitos falavam em preto e branco, ou escuro e claro.
  • Depois, a cor mais citada era o vermelho, para fazer referência ao sangue e ao vinho.
  • Na sequência apareciam o verde e o amarelo, mas quase nunca o azul.
  • E a hipótese com a qual alguns estudiosos trabalham é que os antigos não sabiam descrever bem o que estavam vendo.
  • A ponto de, um tempo depois, criarem uma palavra para isso.
  • No latim, o azul, que não era bem azul, era chamado de caeruleus.
  • O que seria uma espécie de cerúleo, uma referência ao céu.
  • Além, disso, pensando friamente, a natureza tem poucas coisas azuis.
  • Ok, o céu e o mar são abundantes, mas não temos tantos animais azuis, nem olhos azuis, nem mesmo flores azuis naturais.
  • Ou seja, para que criar uma palavra para algo que seria relativamente pouco utilizado?
A brasileira arara-azul é um dos poucos animais na natureza com essa coloração – Imagem: Amaro Fotografia/Shutterstock

Cérebro condicionado

Outra teoria diz que a gente não consegue falar sobre algo que não conhecemos.

Recentemente, um grupo de cientistas realizou um experimento com uma tribo da Namíbia que também não possui a palavra azul em sua linguagem.

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Colocaram diante de alguns integrantes 11 quadrados verdes e um azul e, para a surpresa dos especialistas, eles não foram capazes de diferenciar as duas cores.

Jules Davidoff, pesquisador que realizou a experiência, acredita que quando não existe uma palavra para uma cor em um idioma, é muito mais difícil percebê-la.

Ainda falando sobre neuropsicologia cognitiva, um linguista israelense chamado Guy Deutscher fez um teste com a própria filha, Alma.

Quando ela era uma criança muito pequena, ele a ensinou as cores, mas não disse que o céu era azul. Quando, então, foram para a rua, o linguista pediu à filha que dissesse a cor do que estava vendo lá em cima. A resposta da menina foi: branco.

Segundo ele, nossa resposta natural de que o céu é azul é algo condicionado. E faz todo sentido que as antigas nem tenham criado uma palavra para tal.

As informações são do History Channel.