Uma mutação deixou peixes mais “aventureiros”; entenda

Pesquisadores identificaram uma variante genética que está relacionada ao comportamento exploratório de peixes
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 07/06/2024 01h00
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Imagem: Adrian Indermaur/Universidade de Basileia
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Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Basileia, na Suíça, identificou uma correlação entre o comportamento exploratório de uma espécie e seu habitat e forma corporal. Foram analisados 57 tipos diferentes de peixes que vivem perto das margens sul do Lago Tanganica, na Zâmbia.

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Espécie Cyphotilapia gibberosa foi uma das analisadas (Imagem: Adrian Indermaur/Universidade de Basileia)

Comportamento exploratório foi analisado

Segundo cientistas, o comportamento exploratório é um traço de personalidade chave para animais de todos os tipos e expõe os indivíduos e populações a novas oportunidades e perigos. Também desempenha um papel na especiação.

No novo estudo, publicado na revista Science, os pesquisadores passaram meses gravando vídeos para documentar o comportamento de cerca de 700 peixes. As imagens mostravam como os animais exploravam o ambiente.

Após finalizado o experimento, os peixes foram devolvidos ao seu habitat natural. Foram identificadas grandes diferenças e a análise dos dados revelou uma forte correlação entre o comportamento exploratório de uma espécie e sua forma corporal.

Espécies que vivem perto da costa, por exemplo, tendem a ter corpos mais volumosos e apresentam uma maior curiosidade para desbravar locais desconhecidos do que espécies de águas abertas de corpo mais longo.

Peixes podem se sentir mais corajosos para desbravar novos locais (Imagem: Sebastian Pena Lambarri/Unsplash)

Mutação modificou comportamento de peixes

  • Para aprofundar a base genética dessas diferenças comportamentais, os pesquisadores desenvolveram uma nova técnica para analisar genomas e comparar dados entre espécies.
  • Isso ajudou a identificar uma variante genética relacionada ao comportamento exploratório.
  • Espécies com um “T” (para timina) neste local em seu DNA exibem mais curiosidade, descobriram os pesquisadores, enquanto espécies com um “C” (para citosina) exibem menos.
  • Usando a tecnologia de edição genética CRISPR-Cas9, os pesquisadores também provocaram mutações direcionadas na região próxima do genoma do peixe. Isso desencadeou mudanças no comportamento exploratório dos peixes, resultando em um aparente aumento da capacidade exploratória.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.