Ciberataque gera onda de doações de sangue no Reino Unido; entenda o motivo

Ofensiva na última semana derrubou os sistema de um importante prestador de serviço para hospitais britânicos; campanha segue em vigor.
Por Bob Furuya, editado por Bruno Capozzi 11/06/2024 01h00
hacker
Imagem: AntonKhrupinArt/Shutterstock
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Imagine você ter uma consulta médica marcada há algumas semanas, chegar ao local e ter de voltar para casa. Ou ainda ser proibido de fazer um exame de sangue. Ou precisar mudar de unidade, deslocando-se por quilômetros de distância, para concluir uma transfusão.

Foi isso que aconteceu em Londres na semana passada. Alguns dos principais hospitais da capital inglesa foram afetados por um ataque hacker que derrubou os sistemas do laboratório Synnovis, que presta serviço para vários centros médicos.

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Informações preliminares indicam que esse ataque teria partido do grupo Qilin, de criminosos cibernéticos russos, mas ainda não há nada oficial.

O que sabemos é que caso foi tão impactante a ponto de o National Health Service (NHS) lançar uma campanha para que pessoas com sangue O+ e O- façam doações.

O NHS funciona como uma espécie de SUS do Reino Unido. É o principal órgão do setor no país.

Doador de sangue
Seja você também um doador – Imagem: hxdbzxy/Shutterstock

Por que esse tipo sanguíneo

  • Porque o sangue do tipo O pode ser doado para a maioria das pessoas.
  • O O- é o doador universal – todo mundo pode receber esse sangue.
  • Ele é usado, principalmente, quando uma vítima chega ao hospital precisando de uma transfusão, e os profissionais não têm a informação do tipo sanguíneo dela.
  • Ou seja, para não correr nenhum risco, utilizam o O-.
  • Já o O+ funciona para todos os outros tipos positivos.
  • E, só por curiosidade, o receptor universal é o AB+.
  • Tem muita gente que acha que o sangue O-, portanto, seria o mais importante de todos.
  • A resposta na vida real, porém, é diferente.
  • Em Londres, por exemplo, o principal apelo é por sangue O+.
  • Isso porque a maioria das pessoas possuem sangue “positivo”.
  • As autoridades estimam que 76% da população local seja assim.
  • Além disso, os doadores O+ são a maioria também: 35% contra apenas 8% dos que possuem O-.
O tipo O- é o doador universal e o AB+ é o receptor universal – Imagem: angellodeco/Shutterstock

Doações salvam vidas

O NHS explica que o sangue tem vida útil de 35 dias, portanto os estoques precisam ser continuamente reabastecidos. Além disso, sem o sistema, é mais seguro ter um estoque maior dos tipos sanguíneos mais usados – e que podem ser doados para todos.

Entre os hospitais mais afetados pelo ataque cibernético estão o King’s College Hospital, o Guy’s e o St Thomas’ (incluindo o Royal Brompton e o Evelina London Children’s Hospital).

As autoridades destacam que a doação de sangue pode salvar vidas e ajudar quem mais precisa. Isso não só no Reino Unido, mas em todos os lugares.

Sobre o ataque hacker, um porta-voz da Synnovis disse o seguinte, segundo a BBC:

“Este é um duro lembrete de que este tipo de ataque pode acontecer a qualquer pessoa, a qualquer momento e que, de forma desanimadora, os indivíduos por trás dele não têm escrúpulos sobre quem as suas ações podem afetar”, declarou o porta-voz.

Os especialistas ouvidos pelo jornal britânico concordam e cobram que todas as organizações do setor público deveriam, hoje em dia, ter planos de contingência para gerir ataques cibernéticos, além de mais investimentos em TI.

As informações são da BBC.

Bob Furuya
Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.