Mar de Aral: como um dos maiores lagos do mundo deu origem a um deserto?

As consequências do declínio do Mar de Aral vão desde perda do sustento por populações e piora da qualidade do ar até extremos climáticos.
Por Ramana Rech, editado por Bruno Ignacio de Lima 12/06/2024 06h20, atualizada em 04/07/2024 15h10
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O Mar de Aral é, na verdade, um lago compartilhado entre os países Cazaquistão e Uzbequistão, na Ásia, que costumava ser o quarto maior do mundo. Entretanto, desde 1960 o Mar de Aral perdeu 90% de seu tamanho original.

Ao sudeste do lago, a água deu lugar a Aralkum, um dos mais novos desertos do mundo. Dunas também surgiram a partir de areias sopradas pelo vento e vindas de regiões do lago que secaram.

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Para a Organização das Nações Unidas (ONU), a história do Mar de Aral é um alerta sobre a exploração incessante sobre recursos naturais. Apesar da vastidão do lago, ele acabou. Um dos ex-secretários-gerais da ONU, Ban Ki-moon, depois de uma visita ao Uzbequistão, classificou a região com “um dos piores desastres ambientais do planeta”.

A redução do Mar de Aral resulta da exploração excessiva dos rios que alimentavam o corpo d’água para projetos de irrigação em larga-escala, em especial de algodão. Os dois maiores rios da região alimentados por precipitação e derretimento do gelo das montanhas eram usados para as irrigações.

Foto: Ismael Alonso/Flickr

Do turco, o idioma local, “aral” quer dizer “ilha“. O nome faz referência ao passado do corpo d’água, quando o corpo d’água contava com mais de mil ilhas. O lago chegava a 20 metros de profundidade e se estendia por uma área de 68 mil quilômetros quadrados. O declínio do Mar de Aral teve início nos anos 60, e ele secou em 2010. Cidades portuárias foram abandonadas, e comunidades perderam sua fonte de sustento.

O que restou das margens do lago revelam uma paisagem inóspita. As brisas geladas e as ondas suaves deram lugar a tempestades de areia e poeira, o que impacta a qualidade do ar. Com a diminuição do Mar de Aral, a salinidade da região cresceu de forma alarmante. Em alguns casos, a poeira salgada carregada pelo vento alcançou campos e degradou o solo.

Foto: Arian Zwerger/Flickr

Além disso, a perda da influência moderadora de um corpo d’água tão grande tornou os invernos mais frios e os verões mais quentes e secos. Hoje, as temporadas de calor na região ultrapassam 45ºC, enquanto as de frio têm temperaturas congelantes.

Ramana Rech
Colaboração para o Olhar Digital

Ramana Rech é jornalista formada pela ECA-USP. Participou do Curso Estadão de Jornalismo Econômico e tem passagem pela Editora Globo e Rádio CNN.

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Com 10 anos de experiência, é especialista na cobertura de tecnologia. Atualmente, é editor de Dicas e Tutoriais no Olhar Digital.