Usar azeite no Brasil ficou mais caro entre 2023 e 2024. E o clima tem a ver com isso. É que as ondas de calor e seca na Europa – lar dos maiores produtores de azeitona, matéria-prima do azeite – encarecem o produto por aqui. E não há perspectiva de melhora neste cenário num futuro próximo.

Azeite está caro no Brasil – e não deve baratear tão cedo

  • O preço do azeite no Brasil subiu 50% entre abril de 2023 e maio de 2024, devido às ondas de calor e seca na Europa, que dificultaram o cultivo de azeitonas (matéria-prima do azeite). Os maiores produtores – e fornecedores – de azeite ficam na Europa;
  • O Brasil importa a maior parte do azeite que consome de Portugal e Espanha. E os países enfrentam dificuldades climáticas, o que impacta na oferta do produto e eleva os preços;
  • A Espanha, maior produtora mundial de azeite, sofreu quatro quebras consecutivas de safra, por exemplo. Já na Europa como um todo, a produção de azeite caiu 20% entre 2022 e 2023;
  • Segundo Carlos Eduardo de Freitas Vian, professor da Esalq, o preço do azeite não deve baixar tão cedo por conta da alta demanda pelo produto combinada às dificuldades no cultivo de azeitona.

O preço do azeite subiu 50% entre abril de 2023 e maio de 2024, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto a situação não melhorar na Europa e o consumo se mantiver alto, o produto deve continuar caro por aqui.

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Por que o azeite está tão caro?

Pessoa segurando ramo de oliveira cheio de azeitonas em plantação
Dificuldades no cultivo de azeitonas na Europa encarecem azeite no Brasil (Imagem: William.Visuals/Shutterstock)

A resposta curta tem duas partes. A primeira: porque condições climáticas têm dificultado o cultivo da azeitona na Europa, o que emperra a produção de azeite. A segunda: porque o Brasil importa a maior parte do azeite que consome – e os dois maiores fornecedores são europeus.

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O principal fornecedor de azeite para o Brasil é Portugal – país onde o produto é fundamental para a economia. Já o segundo maior fornecedor é a Espanha. Ou seja: se esses países enfrentam problemas para produzir, o fornecimento acaba prejudicado. E o preço sobe.

Para você ter ideia, a Espanha – responsável por 42% da produção mundial de azeite – teve quatro quebras de safras consecutivas das oliveiras. Na Europa, como um todo, a produção do produto caiu 20% entre 2022 e 2023, segundo dados compilados pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP).

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O azeite vai ficar mais barato?

Azeitonas logo após serem colhidas em plantação de oliveiras
Enquanto Europa enfrentar dificuldades para cultivar azeitonas e consumo de azeite estiver alto, produto continuará caro no Brasil (Imagem: Embrapa)

Não tão cedo. Pelo menos, esse é o prognóstico dado por Carlos Eduardo de Freitas Vian, da Esalq, ao G1. Para o professor, o preço do azeite estabilizaria se o consumo começasse a cair. Mesmo assim, demoraria para isso aparecer nas gôndolas dos supermercados.

Vian explica que esse horizonte sombrio se deve porque a cultura de oliveira é perene – isto é, a mesma árvore dá frutos por vários anos num mesmo período. Para o preço do azeite baixar, os estoques teriam que ser repostos, o que exigiria mais de uma safra – margem que o consumo alto e as condições climáticas severas devoram.

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Além disso, o calor e a seca literalmente matam algumas oliveiras. E a cultura enfrenta baixa de frutos das árvores. Resumindo: falta de frutos e alta no consumo dificultam baixa nos preços. Por ora, o caminho é buscar alternativas ao azeite, como óleo de canola, girassol e gergelim.