Uma equipe de biólogos marinhos, cientistas da Terra e especialistas em evolução, ligados a diversas instituições do Reino Unido, fez uma descoberta surpreendente sobre o fóssil da antiga criatura marinha Pikaia. Publicado na revista Current Biology, o estudo revela que pesquisas anteriores analisaram erroneamente o fóssil de cabeça para baixo. 

O grupo descobriu que o que antes se acreditava ser um vaso sanguíneo na parte inferior da criatura era, na verdade, um cordão nervoso dorsal.

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Todos os vertebrados possuem não apenas uma coluna vertebral, mas também um cérebro protegido por um crânio. Essas características comuns resultam de um ancestral comum, um peixe que viveu nos mares do período Cambriano. No entanto, ainda não está claro como esse peixe desenvolveu sua coluna e seu cérebro. As evidências de ascendentes são escassas, e os fósseis encontrados são tão variados que dificultam a construção de uma árvore genealógica precisa.

Novas análises dos fósseis de Pikaia. Crédito: Biologia Atual (2024). DOI: 10.1016/j.cub.2024.05.026

Fóssil da pikaia foi descoberto em 1910

Por muitos anos, cientistas apontaram a Pikaia como um possível precursor dos vertebrados. Seus fósseis foram descobertos em 1910 e datados de aproximadamente 508 milhões de anos. Com apenas 16 centímetros de comprimento e formato semelhante ao de uma enguia moderna, a Pikaia foi inicialmente classificada como um tipo primitivo de verme. Essa visão persistiu até que a equipe atual reexaminou o espécime.

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Na nova análise, os pesquisadores descobriram que o longo tubo, anteriormente identificado como um vaso sanguíneo na parte inferior da criatura, é mais provavelmente um cordão nervoso situado na parte superior do corpo. Isso quer dizer que todos os estudos anteriores estavam analisando o fóssil de maneira invertida. 

Essa nova interpretação reforça a ideia de que a Pikaia é um precursor dos vertebrados. Um exame mais detalhado mostrou que o cordão nervoso se estendia até a cabeça, sugerindo a presença de um cérebro primitivo.

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Além disso, a equipe descobriu que o órgão anteriormente descrito como dorsal faz mais sentido quando posicionado na barriga da criatura. Os pesquisadores também sugerem que os apêndices, até então considerados como estruturas pendentes enquanto a Pikaia nadava, eram na verdade crescimentos branquiais que se estendiam para cima.

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Essas descobertas fornecem uma nova perspectiva sobre a evolução dos vertebrados e destacam a importância de reavaliar fósseis antigos com novas tecnologias e metodologias. A correção da orientação da Pikaia não só altera a compreensão sobre sua anatomia, como também sobre sua posição evolutiva, oferecendo pistas valiosas sobre a origem e evolução dos vertebrados.