A relação entre o café e o Parkinson vem intrigando cientistas há um tempo considerável. Em algumas pesquisas, a bebida chegou a ser associada a um menor risco de desenvolver a doença. Mas, até então, nenhuma investigação havia aprofundado os efeitos da cafeína em pacientes já diagnosticados e com sintomas. Será que ela realmente faz diferença no tratamento?

Uma nova pesquisa conduzida por cientistas da Universidade de Turku e do Hospital Universitário de Turku, na Finlândia, com esse objetivo, descobriu algumas consequências da cafeína no cérebro de pessoas com Parkinson e respondeu essa pergunta.

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Afinal, a cafeína faz bem para quem tem Parkinson?

  • Para descobrir como a cafeína afeta pessoas com Parkinson, os pesquisadores realizaram duas avaliações em 163 pessoas em estágio inicial da doença, com diferença de seis anos entre elas.
  • Os sintomas do Parkinson são originados principalmente pela ausência de células produtoras de dopamina, por isso, eles focaram em analisar o comportamento de uma molécula transportadora do hormônio.
  • Descobriram que quem bebia três ou mais xícaras de café por dia tinha níveis de 8,3% a 15,4% mais baixos dessa molécula no cérebro. Ou seja, produziam menos dopamina.
  • A equipe também não encontrou evidências de qualquer função restauradora da cafeína no cérebro ou de melhora dos sintomas em quem bebia muito café.
  • Em resumo, o consumo elevado de cafeína não parece trazer quaisquer benefícios relacionados à dopamina para pacientes com Parkinson.
Análise dos níveis da dopamina dentro do cérebro de pessoas com Parkinson – Imagem: Annals of Neurology

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A notícia não é tão desanimadora

Com base nos resultados da pesquisa, os cientistas recomendam cautela no uso de café como parte do tratamento do Parkinson.

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Nossos resultados não apoiam a defesa do tratamento com cafeína ou do aumento da ingestão de café para pacientes recém-diagnosticados com doença de Parkinson

Trecho da pesquisa publicada no Annals of Neurology

Embora a notícia seja um pouco desanimadora, o estudo também trouxe informações importantes sobre a relação entre dopamina e a doença. Isso ajuda a entender o Parkinson e como combatê-lo.

Inclusive, entre as descobertas, encontraram um novo fator que deve ser considerado no futuro de testes para o Parkinson. Uma xícara da bebida antes do exame de dopamina pode influenciar nos resultados, dificultando o diagnóstico. A informação será valiosa para evitar imprecisão na detecção da doença.