IA na política: Chatbot é ‘candidato’ a prefeito nos Estados Unidos

Se eleito, candidato vai atuar como um “fantoche” do chatbot, que deve tomar as verdadeiras decisões no cargo
Por Ana Julia Pilato, editado por Bruno Capozzi 14/06/2024 14h39
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(Imagem: Stokkete/Shutterstock)
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Victor Miller, candidato às eleições para prefeito de Cheyenne, capital do Wyoming, nos EUA, divulgou uma proposta inesperada em sua campanha: se eleito, um chatbot de inteligência artificial (IA) chamado VIC (Virtually Integrated Citizen – ou Cidadão Virtualmente Integrado, em tradução livre) vai dar as verdadeiras ordens em seu lugar.

Entenda:

  • Um candidato à Prefeitura de Cheyenne, no Wyoming, EUA, revelou que, se eleito, um chatbot de IA vai assumir o cargo;
  • O bot chamado VIC foi desenvolvido com o ChatGPT 4.0 da OpenAI e treinado com base em milhares de documentos de reuniões do conselho de Cheyenne;
  • O secretário de estado do Wyoming criticou a candidatura, afirmando que o cargo “exige uma pessoa real” e “um bot de IA não é qualificado”;
  • Uma investigação está em andamento para determinar a legalidade da candidatura;
  • A OpenAI disse que VIC viola as normas da empresa contra campanhas políticas, e que tomou medidas contra o chatbot;
  • As informações são da Wired.
Candidato quer “dividir” candidatura com chatbot. (Imagem: DALL-E/Nayra Teles)

Miller usou o ChatGPT 4.0 da OpenAI para criar VIC, e o treinou com base em milhares de documentos de reuniões do conselho de Cheyenne. À Wired, o candidato disse que, se vencer as eleições, deve atuar como um “fantoche de carne” da IA, realizando apenas atividades como comparecer a reuniões e assinar documentos. Enquanto isso, VIC vai “fazer recomendações políticas e votar nas reuniões do conselho.”

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Legalidade da candidatura do chatbot prefeito está sendo investigada

Claro, é ilegal que um bot concorra às eleições – mas Miller deu um jeito nisso. Tecnicamente, ele é o candidato oficial ao cargo de prefeito na documentação apresentada ao estado. Ele também conta que, quando se registrou, usou seu apelido, “Vic”, na documentação. Foi daí que veio a ideia para o nome do chatbot.

Legalidade de bot prefeito está sendo analisada. (Imagem: Alessandro Di Lorenzo/Olhar Digital/DALL-E)

Uma investigação está em andamento para analisar a legalidade da candidatura. Chuck Gray, secretário de estado do Wyoming – e um dos maiores críticos ao bot -, enviou uma carta ao secretário do condado sugerindo que o registro de Miller fosse negado, afirmando que o cargo “exige uma pessoa real. Portanto, um bot de IA não é qualificado.”

E a investigação não é o único empecilho que a dupla está enfrentando: a OpenAI afirmou, também à Wired, que a criação de VIC viola as normas da empresa contra campanhas políticas. Miller respondeu que, se necessário, vai migrar o bot para o Llama 3, IA de código aberto da Meta.

Ana Julia Pilato
Colaboração para o Olhar Digital

Ana Julia Pilato é formada em Jornalismo pela Universidade São Judas (USJT). Já trabalhou como copywriter e social media. Tem dois gatos e adora filmes, séries, ciência e crochê.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.