Fenômenos naturais podem levar quase 4 mil espécies à extinção

Previsão consta em estudo publicado nesta semana; maioria dos animais vive em região que vai do sul do México até o norte da Argentina
Por Bob Furuya, editado por Bruno Capozzi 18/06/2024 17h39
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Imagem: Anna Lin Pineapples/Shutterstock
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Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que cerca de um milhão de animais e vegetais estão ameaçados de extinção. O número é assustador e reflete como a ação do homem interfere na natureza.

Mas o ser humano não é o único culpado. Um estudo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) mostra que os fenômenos naturais também podem ser responsáveis pelo fim de algumas espécies.

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E quando digo fenômenos naturais, inclua no bolo terremotos, furacões, vulcões e tsunamis. De acordo com os cientistas, eles podem provocar a extinção de 10% das espécies de vertebrados terrestres, o que equivale a 4 mil tipos diferentes de animais.

O trabalho é assinado por pesquisadores de 20 instituições estrangeiras e brasileiras, incluindo o Centro para Pesquisa em Biodiversidade e Mudanças no Clima (CBioClima) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o Instituto Tecnológico Vale (ITV), a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Visão de satélite do Furacão Anita, um dos furacões que já atingiram o Brasil
Visão espacial de um furacão, feita por um satélite (Imagem: NASA/MODIS Rapid Response System)

Como os cientistas chegaram a esse número

  • Para chegar a essa conclusão, os cientistas cruzaram dados sobre áreas com ocorrência desses fenômenos com informações sobre espécies com população menor do que 1000 indivíduos ou que vivem em uma região consideravelmente pequena – de menos de 2500 quilômetros quadrados.
  • Explico: se o fenômeno natural destruir essa área, a população pequena deve ter dificuldades para se reproduzir, levando à extinção.
  • O mais comum, de acordo com os pesquisadores, é que isso possa ocorrer em ilhas.
  • A região neotropical, que se estende do sul do México até o norte da Argentina, também está entre as que apresentam maiores riscos.
  • Essa área engloba quase 40% das espécies de animais ameaçados de extinção, segundo o estudo.
  • A maioria das espécies são suscetíveis a furacões, no Mar do Caribe e no Golfo do México, e a vulcões, terremotos e tsunamis nas regiões do Anel de Fogo do Pacífico.
  • Entre as classes, os anfíbios são os mais vulneráveis.

As espécies em extinção

Imagem: Reprodução/Proceedings of the National Academy of Sciences

Os animais que aparecem na imagem são:

  • Tartaruga da espécie Chelonoidis donfaustoi, de Galápagos;
  • Papagaio da espécie Amazona vittata, de Porto Rico;
  • Pássaro da espécie Icterus oberi, da ilha Monserrate;
  • Sapo da espécie Kaloula kokacci, das Filipinas;
  • Társio (Tarsius tumpara), da Indonésia;

Os cientistas também listam:

  • Sapo da espécie Colostheuthus jacobuspetersi, do Equador;
  • Papagaio-de-são-vicente (Amazona guildingii), que vive na ilha São Vicente;
  • Beija-flor da espécie Chrysuronia lilliae, da Colômbia;
  • Panda da espécie Ailuropoda melanoleuca, da China;
  • E o rinoceronte da espécie Rhinoceros sondaicus, da Indonésia.

No Brasil, duas espécies estão sob risco devido aos fenômenos naturais: o lagarto-da-areia (Liolaemus lutzae) e o sapo-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus cambaraensis).

O primeiro vive na costa fluminense e o possível risco de extinção teve como base um tsunami de baixa magnitude que atingiu a costa do Rio de Janeiro em 2004.

Já o sapo-de-barriga-vermelha vive nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e os cientistas viram risco depois de um furacão de baixa magnitude registrado em 2004.

As informações são da Agência Bori.

Bob Furuya
Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.