Um aglomerado de estrelas próximo ao núcleo tumultuado da Via Láctea encontrou um caminho para a imortalidade. Isso é o que sugere um novo estudo – disponível em versão de pré-impressão no servidor arXiv e ainda não revisado por pares – que propõe que essas estrelas podem capturar e destruir continuamente partículas de matéria escura em seus núcleos.

Usando simulações computacionais da evolução estelar, cientistas descobriram que a matéria escura, atraída pela gravidade dessas estrelas, frequentemente colide e se aniquila no interior estelar. Esse processo libera uma quantidade significativa de energia, transformando as partículas de matéria escura em matéria comum.

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Estrelas que orbitam próximo ao centro da Via Láctea podem ser “imortais” por causa de um elemento enigmático do Universo. Crédito: Ovchinnkov Vladimir – Shutterstock

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Matéria escura estabiliza as estrelas do centro da Via Láctea

Essa fonte extra de energia poderia manter as estrelas estáveis, tornando-as potencialmente imortais, mesmo após esgotarem seu combustível nuclear convencional. “As estrelas queimam hidrogênio na fusão nuclear,” explicou Isabelle John, principal autora do estudo e doutoranda em física de astropartículas na Universidade de Estocolmo, ao site Live Science. “A pressão externa resultante dessa fusão equilibra a pressão interna da gravidade, mantendo as estrelas estáveis”.

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“Nossas simulações mostram que, se as estrelas conseguem coletar grandes quantidades de matéria escura, a aniquilação dessa matéria dentro das estrelas pode gerar uma pressão externa similar à da fusão nuclear,” disse John. “Isso estabilizaria as estrelas, permitindo que usassem matéria escura como combustível, em vez do hidrogênio”.

A grande diferença aqui é a fonte de combustível. Enquanto o hidrogênio eventualmente se esgota, levando a estrela à morte, a matéria escura pode ser coletada continuamente, oferecendo um suprimento ininterrupto de energia. “As estrelas podem coletar matéria escura continuamente,” destacou a pesquisadora. Isso poderia explicar por que algumas estrelas parecem mais jovens do que o esperado – elas estão sendo revitalizadas por um combustível diferente e aparentemente inesgotável.

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Uma imagem do Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, mostra uma porção de 50 anos-luz de largura do centro da Via Láctea. Estima-se que 500 mil estrelas brilham nesta captura. Crédito: NASA, ESA, CSA, STScI, S. Crowe (UVA)

Se validada, essa pesquisa poderia revolucionar nossa compreensão sobre a longevidade das estrelas e o papel da matéria escura no cosmos.

A descoberta de que estrelas poderiam utilizar matéria escura para prolongar sua vida útil não só desafia nosso entendimento atual da evolução estelar, como também abre novas possibilidades para a pesquisa sobre a matéria escura, um dos maiores mistérios do Universo.