Um artigo publicado quarta-feira (26) na revista Meteoritics & Planetary Science descreve uma descoberta surpreendente sobre o asteroide Bennu: ele pode ser parte de um antigo mundo oceânico já extinto.

Essa conclusão vem de análises feitas em fragmentos das amostras coletadas na rocha espacial pela missão OSIRIS-REx, da NASA.

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Sobre a missão OSIRIS-REx:

  • Em 24 de setembro de 2023, a sonda OSIRIS-REx, desenvolvida pela NASA, trouxe à Terra uma cápsula com regolito carbonáceo coletado do asteroide Bennu;
  • Foi a primeira vez que os EUA conseguiram trazer uma amostra de rocha espacial para o nosso planeta;
  • A espaçonave foi lançada em setembro de 2016, no topo de um foguete Atlas V, da United Launch Alliance (ULA), iniciando uma viagem de dois anos até Bennu, um corpo rochoso de cerca de 525 metros de largura;
  • Depois de chegar ao destino, em agosto de 2018, a sonda passou mais dois anos observando a superfície da rocha espacial;
  • Com duração total de sete anos, a missão foi um marco na exploração espacial e trouxe aproximadamente 120 gramas de amostras desse asteroide para a Terra.

Desde a chegada das amostras, cientistas em todo o mundo estão ansiosos para examiná-las. Eles esperam encontrar informações valiosas sobre a composição molecular de Bennu, que podem fornecer pistas sobre a história do Sistema Solar e a origem da vida na Terra. 

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Cápsula contendo amostra do asteroide Bennu aberta em laboratório especial da NASA. Crédito: NASA

Moléculas do asteroide Bennu podem ter contribuído para a vida na Terra

Formado na mesma época que nosso sistema planetário, Bennu pode conter moléculas prebióticas e até mesmo água, que poderiam ter contribuído para a habitabilidade do nosso mundo.

As análises iniciais já trouxeram resultados promissores. A equipe liderada por Dante Lauretta, investigador principal da OSIRIS-REx na Universidade do Arizona, já identificou evidências de carbono e água nas amostras. No entanto, a descoberta mais surpreendente foi a presença de fosfato de magnésio-sódio, um composto não detectado anteriormente nos dados de sensoriamento remoto da sonda.

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“O fosfato de magnésio-sódio em Bennu sugere que o asteroide pode ter se separado de um mundo oceânico primitivo e há muito desaparecido”, explicou Lauretta em um comunicado da NASA. A presença deste composto indica que Bennu pode ter tido um passado aquoso, levantando a hipótese de que ele fez parte de um corpo celeste mais úmido.

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A coleta das amostras ocorreu em 20 de outubro de 2020, quando a OSIRIS-REx utilizou seu Mecanismo de Aquisição de Amostra Touch-and-Go (TAGSAM) para capturar regolito da superfície de Bennu, em um local chamado Nightingale, que fica na cratera Hokioi, no hemisfério norte do asteroide. 

O quadro superior esquerdo mostra uma partícula Bennu escura, com cerca de um milímetro de comprimento, com uma crosta externa de fosfato brilhante. Os outros três painéis mostram visões progressivamente ampliadas de um fragmento da partícula que se separou ao longo de uma veia brilhante contendo fosfato, capturado por um microscópio eletrônico de varredura. Crédito: Lauretta & Connolly et al. (2024)

Análises mais detalhadas das amostras revelaram que o regolito é composto predominantemente por filossilicatos contendo magnésio, principalmente serpentinitos e esmectites. Esses tipos de rocha são típicos de cordilheiras oceânicas na Terra. A comparação com suas contrapartes terrestres pode oferecer informações sobre o passado geológico de Bennu e o ambiente oceânico do qual ele pode ter se originado.

As descobertas na superfície de Bennu indicam que, apesar de possíveis alterações pela água ao longo do tempo, o asteroide ainda preserva características antigas da época da formação do Sistema Solar. Os materiais da superfície da rocha contêm elementos da nuvem de gás e poeira original, conhecida como disco protoplanetário, de onde os planetas se formaram.

Além do fosfato de magnésio-sódio, as amostras também são ricas em carbono, nitrogênio e compostos orgânicos. Estes são componentes essenciais para a vida, sugerindo que asteroides como Bennu podem ter contribuído para a química prebiótica que levou ao surgimento da vida na Terra.