Estudos já haviam determinado que uma região importante do Oceano Atlântico, entre a parte mais superficial e profunda do mar, media 30 metros. Pesquisadores brasileiros revisaram esse número no Atlântico Sudoeste, a parte que banha a América do Sul, e descobriram que ela é mais rasa do que se pensava.

Parte do Oceano Atlântico é mais raso do que pesquisadores achavam

O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade de São Paulo (USP) e mediu os limites verticais do Oceano Atlântico Sudoeste, que banha a América do Sul.

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Eles mediram os ambientes mesotróficos, intermediários entre a parte superficial e profunda do oceano, que estudos anteriores estabeleceram em 30 metros de profundidade.

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A medição, no entanto, revelou que é bem mais rasa, entre 15 e 18 metros na região costeira subtropical. Além disso, a propagação de luz na parte estudada é de apenas 10% em relação à região superficial.

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A medição aconteceu em área intermediária de profundidade (Imagem: Johan Holmdahl/Shutterstock)

Entenda como foi a medição:

  • Para chegar nessa conclusão, o estudo mediu temperatura, relevo, profundidade, propagação de luz e espécies de peixes;
  • A análise aconteceu em três unidades de conservação marinha do Estado de São Paulo: o Parque Estadual da Laje de Santos, a Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Centro e a Estação Ecológica Tupiniquins. Foram 12 recifes analisados;
  • Nesses locais, os pesquisadores usaram “estéreo filmagens subaquáticas remotas com isca” (ou BRUVS, na sigla em inglês), equipamento de alumínio com duas caixas e câmeras à prova d’água, lanterna e braço com caixa na ponta;
  • O último serve para atrair peixes e estudar as espécies no local;
  • Os BRUVS eram lançados em diferentes locais para medir a profundidade (que variou entre 6 e 43 metros) e ficavam embaixo d’água filmando por uma hora.

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Ilustração da área analisada na pesquisa (Imagem: Reprodução/Marine Environmental Reserach)

Diferença de profundidade tem motivo

Segundo a Agência FAPESP, há uma razão para a diferença tão grande entre o estudo atual e anteriores: a maioria dos trabalhos sobre o assunto foi realizado em ambientes tropicais acima do trópico de Capricórnio. No entanto, há grande porção abaixo disso, na região subtropical.

Além disso, as pesquisas anteriores estudavam recifes de coral. Na parte subtropical, porém, a predominância é de recifes rochosos, que interagem de forma diferente com a luz e organismos.

peixe pagrus
Espécie Pagrus foi a que esteve mais presente em área intermediária do Oceano Atlântico subtropical (Imagem: C Levers/Shutterstock)

Região estudada no Oceano Atlântico também tem peixes diferentes

O estudo também observou uma fauna de peixes diferenciada na região do Oceano Atlântico estudada em relação às outras. Há espécies que circulam entre as faixas mais rasas e profundas.

Para a identificação dos peixes, as filmagens foram analisadas por meio de software, que também contou e mediu os animais para estimar sua abundância.

As espécies ainda foram classificadas de acordo com a alimentação e se eram alvo da pesca na região ou não. Os mais comuns registrados por lá foram os pargos (Pagrus pagrus) e serranos-do-atlântico (Diplectrum formosum).