O Pantanal é a maior planície alagada do planeta. O bioma, localizado nos estados do Mato Grosso do Sul e em Mato Grosso, é o lar de pelo menos 4.700 espécies, entre animais e plantas. Mas toda essa biodiversidade está ameaçada pelas mudanças climáticas, pelos incêndios mais intensos e constantes, além da cada vez menor quantidade de água no local.

Incêndio no Pantanal (Imagem: Joédson Alves/Agência Brasil)

Número de incêndios no Pantanal já é recorde

Apenas neste ano, mais de 688 mil hectares foram devastados pelo fogo, conforme dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA-UFRJ).

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No total, são 3.451 focos de incêndio registrados em todo o Pantanal, número 2000% maior do que o contabilizado em todo ano de 2023. A quantidade de queimadas nos seis primeiros meses de 2024 também já supera o registrado no mesmo período de 2020, ano recorde de incêndios no bioma.

Um levantamento do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) identificou 14 locais responsáveis pelo início dos últimos incêndios no Pantanal. Destes, 12 são fazendas e possuem Cadastro Ambiental Rural (CAR), as outras duas são áreas próximas às propriedades rurais.

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As causas das queimadas, que já se espalharam para pelo menos outras 100 propriedades rurais, estão sendo investigadas pela Polícia Federal. Enquanto isso, a Força Nacional foi enviada para combater os focos de fogo.

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Pantanal é o lar de uma riquíssima biodiversidade (Imagem: Andre Maceira/Shutterstock)

Menos áreas alagadas

  • De acordo com especialistas, a grande quantidade de incêndios pode trazer graves prejuízos ao bioma.
  • O professor da USP Pedro Luiz Côrtes observa que o fogo compromete toda a estrutura do solo, e as altas temperaturas ajudam a reduzir a quantidade de água disponível no lençol freático.
  • Os efeitos são agravados pelas mudanças climáticas e o desmatamento na Amazônia, que reduzem a quantidade de chuvas no local.
  • Isso significa que há menos quantidade de água no Pantanal.
  • Côrtes explica que, quando ocorrerem novas chuvas, elas irão migrar para as partes mais profundas do solo ao invés de cumprir a sua função natural, que é de alagar determinadas áreas do bioma.
  • Em outras palavras, o Pantanal corre o risco de perder a capacidade de reter grandes quantidades de água, apresentando um processo de desertificação.
  • Este cenário resultaria num impacto incalculável para milhares de animais e plantas que vivem no local.