Aglomerado com mil geleiras no Alasca está em risco, diz estudo

Pesquisadores analisaram situação do campo de gelo de Juneau, um aglomerado com mais de mil geleiras no Alasca, território dos Estados Unidos
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 04/07/2024 10h32, atualizada em 09/07/2024 22h02
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Os impactos das mudanças climáticas no derretimento de geleiras ao redor do mundo não é uma novidade. Mas este processo pode estar acontecendo mais rápido do que pensávamos em alguns pontos do planeta. É o caso do campo de gelo de Juneau, um aglomerado com mais de mil geleiras no Alasca, território dos Estados Unidos.

Pedaço de geleira despencando no mar por conta das mudanças climáticas
Geleiras estão desaparecendo com o aumento das temperaturas (Imagem: Bernhard Staehli/Shutterstock)

Geleira apresenta grande número de fissuras

  • O alerta foi divulgado por pesquisadores em um estudo publicado na revista Nature Communications.
  • Segundo eles, o derretimento nesta região do Alasca está acontecendo 4,6 vezes mais rápido.
  • Para chegar a esta conclusão, a equipe comparou dados coletados no local entre 2015 e 2019 com os de 1948 e 1979.
  • A pesquisa ainda destaca que, entre 1948 e 2005, apenas quatro geleiras tinham desaparecido por completo nesta área do Alasca.
  • Já de 2005 a 2019, foram observados 64 derretimentos totais.
  • Além disso, está sendo registrada uma maior fragmentação do campo de gelo, com um grande número de fendas e lagos entre as geleiras.
  • Os cientistas afirmam que não há mais um bloco uniforme de gelo, e sim vários pequenos espaços.

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Avanço do derretimento de geleiras do Alasca (Imagem: Davies et al, 2024/Nature Communications)

Derretimento causará aumento no nível do mar

De acordo com os pesquisadores, a perda de gelo no campo de Juneau permaneceu estável entre os anos de 1770 e 1979. Em média, derretiam de 0,65 a 1,01 km³/ano.

Já entre 1979 e 2010, o processo de perda da cobertura glacial se intensificou, sendo estimado entre 3,08 a 3,72 km³/ano. Agora, de 2010 a 2019, ocorreu uma aceleração de 5,91 km³/ano. O ritmo é mais alarmante nos últimos cinco anos.

Durante o estudo, foram cruzadas informações de imagens de satélite da NASA, fotos feitas durante voos locais e medições históricas da região. A equipe concluiu que se a situação não for revertida, com a redução da emissão de gases do efeito estufas, o derretimento de gelo irá contribuir para a elevação dos níveis do mar, afetando todas as regiões costeiras do planeta, inclusive o Brasil.

Os cientistas destacam que, como os campos de gelo do Alasca são predominantemente planos, estão mais vulneráveis ​​ao derretimento acelerado conforme o clima esquenta, já que a perda de gelo acontece em toda a superfície. Isso significa que uma área muito maior é afetada.

Os pesquisadores ainda alertam que estamos próximos de um ponto “irreversível” de recuperação para esse campo de gelo. Situações parecidas também estão sendo observadas na Groenlândia, na Noruega e no Ártico. 

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.