O tradicional Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File) terá um tema especial este ano: computação quântica e inteligência artificial (IA) sintética. A exposição já está em cartaz no Centro Cultural Fiesp, na cidade de São Paulo, e propõe a intersecção entre arte e tecnologia, incluindo inovações artísticas impulsionadas pela tecnologia.

O tema deste ano é QUBIT AI — quantum & synthetic ai. Segundo Paula Perissinotto, uma das curadoras e organizadoras do festival ao lado de Ricardo Barreto, a primeira parte do nome faz referência à unidade básica de informação da computação quântica, o bit. Já a segunda parte faz referência à inteligência artificial (AI, na sigla em inglês).

publicidade

Ela explicou à Agência Brasil que a edição deste ano tratará especialmente sobre a inteligência artificial sintética, com obras construídas usando IA a partir de comandos humanos.

Exposição é gratuita e vai até final de agosto (Imagem: Paul Gründorfer & Leonhard Peschta/The Sea/Agência Brasil/Divulgação)

Exposição sobre IA e computação quântica já está em cartaz

  • Tanto a computação quântica quanto a IA são tecnologias emergentes, e já oferecem aos artistas novas formas de fazer e pensar a arte;
  • A organizadora garante que os visitantes encontrarão de tudo por lá, desde experimentos digitais até estéticas dos primórdios da computação quântica e obras sintéticas de IA, como clipes, filmes e estruturas arquitetônicas;
  • Haverá até um computador quântico em exposição;
  • Também é possível interagir com os itens em exposição.
Festival chega a 25 anos de exposição (Imagem: Foto Eloise Coomber/Agência Brasil/Divulgação)

Visitantes poderão interagir com as obras

Uma das obras em exposição será a Cascade, do artista espanhol Marc Vilanova.

publicidade

Segundo a curadora, trata-se de uma experiência estética digital, em que o espectador adentra um ambiente e pode sentir sons de cachoeira através de fibras óticas e vibrações.

De acordo com o próprio Vilanova, em entrevista à Agência Brasil, as cachoeiras fazem sons muito baixos para o ouvido humano. Por isso, ele usou um gravador especial para capturar frequências infrassônicas. Na exposição, é possível sentir as frequências do Niágara, no Canadá, e da Foz do Iguaçu, no sul do Brasil.

publicidade

Há também instalações visuais que permitem ver a água caindo, escutá-la e tocá-la — mas tudo através de vibrações.

Leia mais:

publicidade

Exposição também terá experimentos científicos

Outro destaque da exposição este ano é a obra Fotografia Quântica, da cientista brasileira Gabriela Barreto Lemos, pesquisadora e professora na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A obra é um experimento científico com dois feixes de fótons infravermelhos entrelaçados quanticamente. O primeiro vai em direção a uma placa de silício com uma imagem de um gato. Já o segundo é enviado para outra direção, sem interação com a primeira.

Nele, é possível ver a produção de uma imagem sem interação com o objeto fotografado. A cientista explicou:

Produzimos ali uma foto, a imagem de um objeto pelo qual a luz captada pela câmera não passou. Geralmente, para se fazer uma foto, você joga uma luz em um objeto e essa luz é refletida e captada pela câmera ou pelo seu olho. Mas, nesse caso, a gente tinha dois feixes de luz, na verdade fótons, emaranhados. Um deles passa pelo objeto a ser fotografado e o outro gera imagem. Então, o que é captado pela câmera nunca passou pelo objeto e a luz que passou pelo objeto não vai até a câmera. É como se fosse uma foto deslocalizada no espaço.

Gabriela Barreto Lemos

O intuito da exposição é justamente apresentar a relação entre ciência e arte. Segundo Lemos, o experimento também pode ser usado em áreas da saúde, para diagnósticos de imagem.

A exposição é gratuita e fica em cartaz até 25 de agosto no Centro Cultural Fiesp, em São Paulo.