Os cristais mais antigos do mundo, encontrados em Jack Hills, na Austrália, são, na verdade, restos de rochas ainda mais antigas. A conclusão é um grupo de geólogos que utilizou inteligência artificial para analisar os materiais, que podem revelar mais sobre o passado do nosso planeta.

Cristais são resultado de transformações ocorridas em rochas

  • Segundo os pesquisadores, um terço dessas rochas primitivas eram sedimentares.
  • Isso significa que há mais de quatro bilhões de anos, em uma época em que nenhum mineral sobreviveu, a Terra possuía uma extensa crosta exposta diretamente aos elementos acima do nível do mar.
  • Os cientistas explicam que os átomos da Terra são basicamente os mesmos que estavam aqui há mais de quatro bilhões de anos, mas tudo passou por uma transformação neste período.
  • No entanto, a falta de rochas dos primeiros períodos do nosso planeta é um dificuldade enfrentada por estudiosos há muito tempo para descobrir mais sobre o passado da nossa casa.
  • Foi por isso que os geólogos resolveram estudar os cristais mais antigos que temos conhecimento.
Um dos cristais mais antigos do planeta (Imagem: Ross Mitchell/Academia Chinesa de Ciências)

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Configuração inicial do nosso planeta

Os materiais se formaram até 4,4 bilhões de anos atrás e, posteriormente, foram incorporados em rochas sedimentares que desde então erodiram, resultando no que conhecemos hoje. Este processo de cristalização ocorreu a partir de magma.

A maioria das informações sobre as rochas anteriores foi perdida no reprocessamento de magma. Dessa forma, a equipe se concentrou em descobrir se os cristais eram rochas sedimentares ou ígneas no passado.

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As rochas ígneas podem se formar a partir do resfriamento do magma ou da lava que sabemos que existia na Terra primitiva, mas as rochas sedimentares exigem um ciclo da água, onde são expostas à atmosfera. A chuva as corrói, e o material também passa por transformações devido ao contato com lagos ou oceanos.

Análise identificou presença de elementos originários do Himalaia (esquerda) e de Jack Hills, na Austrália (direita) (Imagem: Ross Mitchell/Academia Chinesa de Ciências)

Ao treinar computadores para reconhecer as impressões digitais de material sedimentar dentro dos cristais, os pesquisadores foram capazes de determinar que uma amostra muito antiga contém granito abundante do tipo S. Trata-se de um elemento formado a partir de sedimentos que foram subduzidos em magma.

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Ele aumenta com o passar do tempo e os cálculos apontam que os cristais formados há 4,24 bilhões de anos contém hoje cerca de 35% de granito do tipo S. A equipe ainda descobriu que, em vez de subir para sempre, a proporção do tipo S sobe e desce de acordo com os ciclos de formação e colapso do supercontinente.

Isso significa que, nos primórdios, a Terra era formada por extensas porções de água e uma crosta continental. Apesar da descoberta, ainda estamos longe de identificar como, de fato, a vida surgiu no nosso planeta. O estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.