A exploração espacial não é feita apenas por novidades e imagens belíssimas. Existe também o lado B das coisas, onde o glamour fica de lado. Bem de lado…

Veja o caso do exoplaneta HD 189733b. Ele é um gigante gasoso com o tamanho muito parecido com Júpiter, só que fica fora do nosso Sistema Solar (por isso recebe o nome de exoplaneta). Ele está localizado a 64 anos-luz da Terra, na constelação Vulpecula.

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Desde que foi descoberto, em 2015, ele já era considerado um lugar bastante extremo, daqueles que o humano não poderia passar nem perto.

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Imagine uma temperatura de 930 graus Celsius, chuvas mortais de vidro derretido e ventos que sopram a aproximadamente 8 mil km/h!

Dá para piorar? Olha… Pior que dá.

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Um fedor terrível

  • Dados do Telescópio Espacial James Webb mostram que o HD 189733b também possui sulfeto de hidrogênio em sua atmosfera.
  • Para quem não está acostumado com termos químicos, ele é o responsável pelo cheiro característico do ovo podre.
  • Além disso, é um gás extremamente corrosivo e venenoso.
Imagem: Reprodução/NASA
  • Segundo os cientistas, não é comum encontrar essa substância em exoplanetas.
  • E é por isso que essa descoberta foi tão importante.
  • A hipótese principal tem a ver com a distância que ele fica da sua estrela.
  • O HD 189733b orbita 170 vezes mais perto dela do que Júpiter orbita o Sol.
  • Mais do que isso: o exoplaneta fica mais perto da sua estrela do que Mercúrio (13 vezes mais perto).
  • E ele só não é mais quente porque essa estrela é menor, menos luminosa e mais fria que o nosso Sol.

A importância dessa descoberta

Como já disse, essa descoberta vai muito além do cheiro podre do exoplaneta. Além de detectar o sulfeto de hidrogênio, uma molécula que contém enxofre, o James Webb identificou água e dióxido de carbono na atmosfera dele.

O que isso significa? Luis Welbanks, coautor do estudo que foi recentemente publicado na revista científica Nature, explica:

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“Com essas três moléculas, podemos contar a quantidade de oxigênio, carbono e enxofre que o planeta possui, o que nos dá a oportunidade de entender como o planeta pode ter se formado e se ele é diferente ou não dos planetas do nosso sistema solar”, disse o astrofísico da Arizona State University.

Embora não estejamos procurando vida em HD 189733b — ele é muito quente, composto principalmente de hidrogênio e hélio, não é como a Terra, etc. — entender sua atmosfera nos permite entender como a física e a química se comportam em diferentes ambientes, e podemos começar a montar a ‘receita’ para a formação de planetas.

Luis Welbanks, astrofísico da Arizona State University e coautor do estudo
James Webb (Crédito: Dima Zel/ shutterstock)
Os cientistas fizeram a descoberta a partir da análise de dados do Telescópio Espacial James Webb (Imagem: Dima Zel / Shutterstock.com)