De um lado, os modos Autopilot (“Piloto Automático”) e Self-Driving (“que dirige sozinho”, em tradução livre) são chamarizes em anúncios da Tesla. De outro, a empresa frisa que seus carros não são autônomos. Isso é propaganda enganosa? É sobre esta pergunta que um número crescente de investigações – e processos, diga-se – se debruçam.

Confira abaixo um resumo desta matéria:

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  • Investigações legais: O Departamento de Justiça dos EUA e o Departamento de Veículos Motorizados da Califórnia investigam a publicidade dos modos Autopilot e “Full Self-Driving” da Tesla, questionando se anúncios induzem o público a acreditar erroneamente que os veículos são autônomos;
  • Ação civil em andamento: Uma ação civil na Califórnia representa proprietários de Teslas que se sentem enganados pelas afirmações da empresa de que seus carros seriam capazes de dirigir completamente sozinhos. Eles buscam reembolso pelas compras baseadas nessas expectativas;
  • Definição de autonomia: A Tesla argumenta que, embora seus carros possam ser “auto-dirigíveis”, eles não são autônomos. Assim, a empresa reforça que esses modos precisam da atenção constante do motorista;
  • Promessas não cumpridas: A ação judicial ressalta promessas passadas de Elon Musk e da Tesla sobre a capacidade de autocondução total, incluindo a declaração de que a empresa teria um milhão de robotáxis operando até 2020, o que não se concretizou;
  • Segurança em questão: Em paralelo, crescem as preocupações com a segurança, evidenciadas por mais de 20 mortes relacionadas ao uso dos recursos de assistência ao motorista da Tesla, segundo investigações da Administração Nacional de Segurança no Trânsito Rodoviário dos EUA (NTSB).

Autopilot e Self-Driving tornam carros da Tesla autônomos? Veja bem…

Carros da Tesla estacionados embaixo de letreiro da empresa em fachada
Investigações miram modos de assistência de direção da Tesla e seu uso na rua e nos anúncios (Imagem: Nadezda Murmakova/Shutterstock)

Uma reportagem do Washington Post, publicada nesta semana, esmiuçou as investigações sobre os modos de assistência de direção da Tesla e seu uso tanto na rua quanto em anúncios da empresa.

Para começar, o Departamento de Justiça (DOJ, na sigla em inglês) dos EUA investiga a publicidade em torno do Autopilot e do “Full Self-Driving”. Além disso, o Departamento de Veículos Motorizados da Califórnia revisa as funcionalidades à luz de uma lei de 2022 que proíbe empresas de “levar uma pessoa razoável a acreditar que o recurso permite que o veículo funcione como um veículo autônomo”.

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Em paralelo a isso, uma ação civil na Califórnia representa motoristas que dizem ter sido enganados pelas afirmações da Tesla. Agora, esses proprietários de carros e serviços da empresa buscam reembolsos por suas compras.

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Modos de assistência de direção precisam de atenção e mãos no volante, diz Tesla (Imagem: mpohodzhay/Shutterstock)

O que está em questão é se “Full Self-Driving” implica que os carros da Tesla são autônomos. Ou seja, se o termo sugere que motoristas de Teslas não precisam prestar atenção.

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Na resposta da Tesla à ação judicial da Califórnia, a empresa afirma que seus recursos de assistência ao motorista tornam os carros “auto-dirigíveis, mas não autônomos”.

A empresa fez a mesma afirmação em seu site, no qual consta que o Autopilot e o “Full Self-Driving” “não tornam o veículo autônomo” e que seus sistemas são “devem ser usados apenas por um motorista totalmente atento”.

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Tesla
Promessas de Elon Musk em relação à Tesla estão sob escrutínio da Justiça dos EUA (Imagem: kovop/Shutterstock)

A Tesla prometeu aos clientes anos atrás que a atualização “Full Self-Driving” – um update de software mesmo – transformaria seus carros em veículos autônomos. Por ora, isso não aconteceu. E é sobre isso que a ação judicial da Califórnia se trata.

“Contrário às promessas repetidas da Tesla de que teria um carro totalmente autônomo dentro de meses ou um ano, a Tesla nunca esteve remotamente perto de alcançar esse objetivo”, diz a queixa civil no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Norte da Califórnia, que busca certificação como ação coletiva.

Entre as declarações sob escrutínio, estão uma fala de Elon Musk, em 2019, de que a Tesla colocaria um milhão de robotáxis na rua até 2020 e as afirmações da Tesla de que seus veículos possuem todo o hardware necessário para implantar o recurso “Full Self-Driving”.

Nesse caso, os motoristas alegam que foram enganados ao pagar por um recurso que ainda não se materializou. Enquanto isso, mais de 20 pessoas morreram em acidentes nos quais os recursos de assistência ao motorista da Tesla estavam envolvidos, de acordo com uma investigação da Administração Nacional de Segurança no Trânsito Rodoviário dos EUA (NTSB, na sigla em inglês).