O acúmulo de certas proteínas – amiloide e tau – no cérebro é responsável por desencadear o Alzheimer. Conforme se emaranham e se tornam tóxicas, fazem com que os neurônios comecem a se deteriorar e morrer, causando os sintomas comuns da doença, como a perda de memória.

Cientistas da Universidade do Texas miraram na origem do Alzheimer para tentar combater a doença. Eles criaram um medicamento em forma de spray nasal para destruir os emaranhados de proteínas. Os resultados de experimentos com camundongos vivos e em autópsias humanas são promissores.

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Ilustração de neurônio em cérebro de pessoa com Alzheimer
Certas proteínas podem levar à morte de neurônios e causar os sintomas do Alzheimer – Imagem: National Institute on Aging/NIH

Spray nasal combate o Alzheimer

  • O novo medicamento foi projetado para reconhecer e destruir a forma mais tóxica de proteínas tau.
  • Mas, para que fosse efetivo na caçada, precisava ultrapassar uma parte de proteção do cérebro chamada “barreira hematoencefálica”.
  • Assim, os cientistas tiveram a ideia de embalar o composto em pequenas bolhas capazes de ultrapassar a barreira.
  • A solução deu certo e, em testes com ratos de laboratório, apenas uma borrifada do spray nasal foi suficiente para limpar a proteína no cérebro.
  • Após duas semanas da aplicação, os ratos apresentaram uma melhora significativa nas funções cognitivas.
Testes em autópsias com cérebros humanos também tiveram resultados positivos – Imagem de Freepik

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Vai funcionar em humanos?

Esta não é a primeira vez que uma equipe de pesquisadores tenta atacar as proteínas tóxicas que provocam o Alzheimer. Uma revisão de várias pesquisas do tipo conduzida pela Universidade de Edimburgo por Soraya Meftah, Claire Durrant e Tara Spires-Jones aponta que, mesmo que a técnica tenha sido promissora em animais, as tentativas de aplicação em humanos fracassaram – pelo menos até agora.

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No entanto, talvez esse não seja o destino do novo spray nasal. O medicamento foi testado em amostras de tecido cerebral humano de pacientes com Alzheimer, demência por corpos de Lewy e doença de Pick que já faleceram. Ele não só destruiu as proteínas tóxicas, como também impediu sua produção ao interromper a liberação de “sementes de tau”.

Segundo os pesquisadores, ainda existem perguntas a serem respondidas antes que o medicamento possa realmente ser usado por humanos, mas é certamente uma solução promissora.

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Muitas questões permanecem em aberto, incluindo se esse tratamento administrado por via intranasal em humanos permitirá a penetração do anticorpo em doses eficazes em nossos cérebros muito maiores e se há algum efeito colateral potencialmente perigoso, como inflamação.

Trecho da pesquisa

A pesquisa foi publicada na revista Science Translational Medicine.