Titã, uma das luas de Saturno, continua sendo um grande mistério para os cientistas, mesmo sabendo que ela tem similaridades com a Terra. A questão, agora, tem a ver com os lagos do corpo celeste e suas ondas.

Isso porque, apenas um mês após os investigadores terem obtido evidências de que as ondas de Titã vêm erodindo os principais lagos da lua, um segundo estudo indica que, mesmo nos mares, essas ondas seriam praticamente invisíveis, E aí, vem a questão: ou um dos estudos está errado, ou as ondulações são mais poderosas do que se imagina.

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Será que não dá para surfar em Titã?

  • Como lembra o IFLScience, Titã é fria demais para possuir água líquida, ao menos na superfície;
  • Contudo, ela possui lagos de hidrocarbonetos líquidos, sendo que três deles são grandes o bastante para serem considerados mares;
  • A semelhança com nossa Terra é pequena, mas ajuda aos pesquisadores nas investigações sobre os primórdios de nosso planeta;
  • Os hidrocarbonetos de etano e metano são intrigantes o bastante para serem investigados pela futura missão Dragonfly, da NASA;
  • Um dos pontos mais importantes que os cientistas querem entender trata-se do quão grande as ondas podem ser em suas superfícies;
  • Esses “lagos” se assemelham, em tamanho, aos Grandes Lagos da América do Norte e da África, onde tempestades podem afundar navios de grande porte;
  • Um recente estudo aponta que isso também pode ser verdade em Titã, baseado na erosão em torno das bordas dos maiores corpos, mas isso pode ser questionado.

Duas imagens de Titã; à esquerda, a lua com neblina; à direita, com coordenadas
Titã tem mares e mais mares, mas não se sabe muito sobre suas ondas (Imagem: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute)

E, de fato, está sendo: um estudo da equipe liderada do Dr. Valerio Poggiali, da Universidade Cornell (EUA), publicado na Nature Communications, descobriu, a partir de observações de radar realizadas pela missão Cassini, que a rugosidade em Kraken, Ligeia e Punga Mare (lagos de Titã) era medida em milímetros.

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Segundo os pesquisadores, apesar de essas ondulações serem suficientes para deixar qualquer pessoa mais fraca de estômago enjoada, em determinadas áreas costeiras, elas chegam a atingir 0,5 cm.

Tal quantidade ainda é pequena, mas pode indicar a presença de fortes correntes locais. Portanto, se uma pessoa nadasse lá, poderia ser arrastada por uma correnteza (mas é difícil de se nadar em Titã; seus lagos têm temperatura na casa dos −180 °C).

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Ainda, os pesquisadores acharam sinais de que estuários, áreas nas quais os rios desembocam em lagos e mares, têm mais metano e menos etano do que se espera, com entradas e mares salgados.

Este fato tem fundamento, pois a chuva em Titã é formada, principalmente, por metano e nitrogênio, o que transforma os rios em combinação de metano com gás nitrogênio dissolvido.

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Ou seja, da mesma forma que, na Terra, a água doce que entra em corpos com composição salgada não se mistura de cara, o mesmo talvez possa ser dito para os hidrocarbonetos em Titã.

As observações da Cassini utilizadas na nova análise foram realizadas de oito a 18 anos atrás, mas eles usaram as 13 observações de radar biestático que a sonda realizou com seu Subsistema de Ciência de Rádio.

Imagem de radar, em preto e branco, dos mares Kraken e Ligeia de Titã
Imagens da sonda Cassini dos mares Kraken e Ligeia não mostram muito, porém, radar mostra que eles possuem ondas pequenas (Imagem: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute)

Anteriormente, os pesquisadores se baseavam em observações monoestáticas, as quais os autores da pesquisa atual indicam que misturam os efeitos da rugosidade da superfície e da composição química, de forma que ambos não podiam ser distinguidos. Por sua vez, as medições biestáticas observam somente a superfície dos líquidos.