Desde março deste ano, quando o primeiro caso de gripe aviária em vacas foi registrado, duas pessoas contraíram a doença através do contato com animais infectados nos Estados Unidos. Agora, um novo estudo da Universidade Estadual de Iowa pode explicar como essas transmissões estão ocorrendo.

Ao realizar exames em duas vacas leiteiras infectadas com a cepa H5N1, cientistas encontraram evidências de que a ordenha das vacas pode ser um dos meios pelos quais o vírus se espalha. Detalhes da descoberta foram publicados na revista científica Emerging Infectious Diseases.

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Receptores do vírus H5N1 foram encontrados no tecido mamário de vacas – Imagem: William Edge/Shutterstock

Como a gripe aviária pode passar de uma vaca para um humano?

  • Em ambas as vacas analisadas no estudo, os cientistas encontraram receptores para diversas cepas de gripe nos tecidos respiratório e mamário.
  • Os receptores são proteínas que, neste caso, o vírus usa para se conectar e infectar as células.
  • Nesse caso foram encontrados os tipos originados para se ligar com células de pássaros, porcos e até humanos.
  • Essa diversidade de receptores facilita o processo de mutação e adaptação do vírus a outros organismos.
  • A descoberta da presença deles no tecido mamário pode explicar por que as vacas infectadas sofrem queda na produção e na qualidade do leite, que se torna espesso e descolorido.
  • Além disso, também indica que o processo de ordenha ou o consumo de leite cru e não pasteurizado pode ser uma forma de transmissão do vírus.
  • Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, altos níveis de H5N1 foram encontrados no leite de animais contaminados.
O leite devidamente processado evitaria a propagação da gripe aviária – Imagem: Alba_alioth/Shutterstock.com

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O perigo da adaptação do H5N1

Recentemente, dois trabalhadores da indústria leiteira nos EUA contraíram o vírus H5N1 de vacas leiteiras, mas tiveram sintomas leves e se recuperaram sem transmitir o vírus.

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No entanto, os cientistas descobriram que o vírus mostrou sinais de adaptação ao corpo de mamíferos, o que levanta preocupações sobre sua capacidade de infectar humanos e outras espécies. Ainda não se sabe se as mutações ocorreram nas vacas ou nos pacientes, mas os pesquisadores pretendem investigar.

Apesar de o H5N1 preferencialmente se adaptar ao organismo das aves, o risco de mudar de hospedeiro existe. A expressão e distribuição de ácidos siálicos – receptores usados pelo vírus para infectar células – encontrados no trato respiratório e nas glândulas mamárias de vacas leiteiras acendem um alerta.

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Além disso, as glândulas mamárias das vacas são levemente ácidas, o que, junto com a presença de receptores de ácido siálico, pode deixar os animais mais suscetíveis à infecção pelo vírus H5N1, conforme acreditam os cientistas, mas é necessário investigar mais.

Por enquanto, a descoberta apenas indica um possível modo de infecção. No entanto, destaca a importância de consumir leite devidamente processado para reduzir os riscos de infecção