Um novo estudo desafia antigas suposições sobre a relação entre massa cerebral e massa corporal em animais. A pesquisa propõe um modelo curvilinear que oferece uma explicação mais precisa para a evolução dos cérebros em diferentes espécies, revelando que animais maiores possuem cérebros proporcionalmente menores do que se pensava anteriormente.

O estudo, publicado na revista Nature Ecology and Evolution, foi conduzido por uma equipe de especialistas da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Reading, no Reino Unido.

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Por décadas, os pesquisadores assumiram uma relação simples de lei de potência entre a massa cerebral e a massa corporal, sugerindo que animais maiores deveriam ter cérebros proporcionalmente maiores. No entanto, essa suposição enfrentou desafios, particularmente o “problema de nível de táxon”, onde variações entre diferentes grupos de espécies tornavam um modelo universal elusivo.

gráfico da relação massa cerebral x corporal
Relação curvilinear entre massa cerebral e corporal em mamíferos. (Imagem: Venditti et al. / Nature Ecology & Evolution)

Um modelo curvilinear para a evolução cerebral em animais

  • O novo estudo analisou 1.504 valores de massa cerebral/corporal de mamíferos e descobriu que a relação não é log-linear, como se pensava anteriormente, mas sim log-curvilinear.
  • Isso significa que a correlação, quando plotada em uma escala logarítmica, forma uma curva em vez de uma linha reta.
  • A equação que melhor se ajusta foi identificada como um polinômio de segunda ordem, indicando que, à medida que os mamíferos crescem, o aumento na massa cerebral diminui.
  • Esse novo modelo permite comparações mais precisas entre diferentes espécies, revelando que animais maiores tendem a ter cérebros menores do que o previsto pelo antigo modelo linear.
  • O estudo destaca que primatas, roedores e carnívoros evoluíram cérebros maiores rapidamente, enquanto outros grupos não seguiram essa tendência.
taxas evolutivas cérebro mamíferos
Taxas de evolução da massa cerebral relativa em mamíferos. (Imagem: Venditti et al. / Nature Ecology & Evolution)

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Aplicação mais ampla entre espécies e direções futuras

Embora o estudo tenha focado em mamíferos, os autores estenderam sua análise para aves e encontraram uma relação curvilinear semelhante, sugerindo a aplicabilidade mais ampla do modelo. Isso levanta mais perguntas sobre as razões fundamentais por trás da correlação entre massa cerebral e corporal, sugerindo implicações significativas para a compreensão da evolução animal.

Os autores concluem que investigar as bases teóricas e empíricas para essas relações curvilíneas pode levar a grandes avanços na pesquisa biológica. O mistério de por que a massa cerebral e corporal são correlacionadas dessa maneira permanece aberto.