Novo estudo revoluciona entendimento da evolução cerebral em animais

Um novo estudo propõe um modelo curvilinear para a relação entre massa cerebral e corporal em animais, desafiando suposições antigas
Ana Luiza Figueiredo17/07/2024 09h08
baleia no mar
Estudo muda entendimento sobre a evolução cerebral em animais, especificamente mamíferos. (Imagem: Sujan Maahmud / Shutterstock.com)
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Um novo estudo desafia antigas suposições sobre a relação entre massa cerebral e massa corporal em animais. A pesquisa propõe um modelo curvilinear que oferece uma explicação mais precisa para a evolução dos cérebros em diferentes espécies, revelando que animais maiores possuem cérebros proporcionalmente menores do que se pensava anteriormente.

O estudo, publicado na revista Nature Ecology and Evolution, foi conduzido por uma equipe de especialistas da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Reading, no Reino Unido.

Por décadas, os pesquisadores assumiram uma relação simples de lei de potência entre a massa cerebral e a massa corporal, sugerindo que animais maiores deveriam ter cérebros proporcionalmente maiores. No entanto, essa suposição enfrentou desafios, particularmente o “problema de nível de táxon”, onde variações entre diferentes grupos de espécies tornavam um modelo universal elusivo.

gráfico da relação massa cerebral x corporal
Relação curvilinear entre massa cerebral e corporal em mamíferos. (Imagem: Venditti et al. / Nature Ecology & Evolution)

Um modelo curvilinear para a evolução cerebral em animais

  • O novo estudo analisou 1.504 valores de massa cerebral/corporal de mamíferos e descobriu que a relação não é log-linear, como se pensava anteriormente, mas sim log-curvilinear.
  • Isso significa que a correlação, quando plotada em uma escala logarítmica, forma uma curva em vez de uma linha reta.
  • A equação que melhor se ajusta foi identificada como um polinômio de segunda ordem, indicando que, à medida que os mamíferos crescem, o aumento na massa cerebral diminui.
  • Esse novo modelo permite comparações mais precisas entre diferentes espécies, revelando que animais maiores tendem a ter cérebros menores do que o previsto pelo antigo modelo linear.
  • O estudo destaca que primatas, roedores e carnívoros evoluíram cérebros maiores rapidamente, enquanto outros grupos não seguiram essa tendência.
taxas evolutivas cérebro mamíferos
Taxas de evolução da massa cerebral relativa em mamíferos. (Imagem: Venditti et al. / Nature Ecology & Evolution)

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Aplicação mais ampla entre espécies e direções futuras

Embora o estudo tenha focado em mamíferos, os autores estenderam sua análise para aves e encontraram uma relação curvilinear semelhante, sugerindo a aplicabilidade mais ampla do modelo. Isso levanta mais perguntas sobre as razões fundamentais por trás da correlação entre massa cerebral e corporal, sugerindo implicações significativas para a compreensão da evolução animal.

Os autores concluem que investigar as bases teóricas e empíricas para essas relações curvilíneas pode levar a grandes avanços na pesquisa biológica. O mistério de por que a massa cerebral e corporal são correlacionadas dessa maneira permanece aberto.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.